Volta o tempo frio e chuvoso. Continuo acompanhando o caos político e social, ...

... mascarado de caos econômico que vivemos no Brasil.

É impressionante a pobreza, e a ausência de chances de viver que muitas pessoas têm no Brasil.

Hoje fiz ambulatório de genética(toda segunda), e vejo muitas síndromes diferentes, que se não existisse o SUS, estavam jogados às traças.

Crianças e crianças, muitas em condições de miséria, e penso: Quantas não conseguem chegar?

É triste, enquanto leio muita gente a favor e contra o direito de aborto, contra uso de substâncias ilícitas, reclamando da da corrupção desenfreada, e esquecem dos vivos no meio disso.

Como juízes e políticos conseguem viver fazendo o que fazem? Como dormem a noite?

Só consegue quem não vê além do próprio umbigo.

Nas favelas em que o Estado não chega, a autoridade está sempre em conflito, a lei da selva humana, que certamente é muito mais cruel do que outros animais selvagens em seus habitats.

Hoje atendi uma criança com Espectro Autista, o pai relatava a dificuldade de cuidar do filho, em situações de tiroteio e fogos. Mais comovente era o esforço que ele fazia para tentar explicar que a polícia não era ruim.

A criança não podia ver policial, ou ouvir sirene que entrava em crise, desde que seu amigo da rua foi assassinado na sua frente em confronto entre a polícia e o tráfico.

Muita gente não entende, que quem mais sofre nessa guerra são os moradores que não têm nada a ver com isso. São pais, mães, filhos...

São as crianças. Esses que os moralistas de plantão dizem proteger quando se dizem contra abortos. Protegem as próprias imaginações e paixões.

O social da periferia do Rio é um caos. A guerra as drogas é uma fábrica de doenças muito piores que o uso compulsivo. Estamos criando como sociedade um monte de doentes mentais, outros muitos cruéis como animais selvagens.

E isso não foi um dia atípico, ouço essas histórias praticamente todos os dias, muitos que trabalham no SUS ouvem isso todo santo dia. E o pior é saber que só tende a piorar, pois da política da ordem viemos e seguiremos.

Enquanto isso vamos seguindo, é reconfortante e bonito ver o amor de muitos pais mesmo nesse caos, é o que dá esperança de algum futuro melhor.

Até mais!