#FILMOTECA# - "Em Nome da Lei" (2016)

in #filmoteca5 years ago (edited)

Fonte: Divulgação (Espaço Itaú de Cinema)

Sinopse: O juiz federal Vitor é jovem e recém-chegado à cidade de Fronteira. Com muita disposição para trabalhar e vontade de solucionar problemas e trazer tranquilidade à cidadezinha, ele quer desmontar um esquema de contrabando e tráfico de drogas que vem ganhando força na região. Para prender o perigoso Gomez, Vitor conta com a ajuda de Alice, a procuradora por quem se apaixona. Ele também pede ajuda à equipe do policial federal Elton.

Filmes onde a busca pela justiça é a pauta principal do roteiro costumam ser instigantes e emocionantes. Toda aquela sede de fazer o que certo e enfrentar os obstáculos para que isso aconteça gera uma expectativa muito boa no público, que embarca fácil na trama e se vê envolvido na história como se fosse parte do elenco. Em Nome da Lei seria um ótimo exemplar nessa categoria de filme, mas infelizmente passa longe disso... Bem longe!

Fonte: Divulgação (VEJA / RJ)

O sistema judiciário nunca foi tão caricato quanto nesta produção (é praticamente uma piada pronta sobre como funciona a legitimidade processuais nas cidades do interior... não fugindo muito da realidade das cidadas grandes). Eu realmente não consigo me lembrar de já ter assistido a algum filme made in Brasil com essa temática que fosse tão mal escrito, tão mal escrito e tão mal dirigido.

A narrativa, de início, chega até a ser simpatia. Existem elementos interessantes que fazem o telespectador se enganar achando que vem coisa boa por aí, porque depois de alguns poucos minutos começa o desfile de clichês pessimamente utilizados, e das caricaturas que transformam todos os personagens dessa trama em figuras altamente descartáveis e, em vários momentos (quando tentam tornar-se relevantes), donos de atitudes que beiram o nonsense.

Fonte: Divulgação (Café e Ideias)

Não há uma linearidade no roteiro que faça sentido. O que existe aqui é apenas um fio dramático bem fino que não sustenta nem o final do primeiro ato. As situações que fazem com que os personagens interajam são sempre forçadas e mal planejadas, além de não conseguirem despertar o mínimo de curiosidade por parte de quem está assistindo ao filme.

No elenco, nomes como Mateus Solano, Paola Oliveira e Emílio Dantas puxam o bonde da mediocridade com suas performances terríveis. Ninguém, absolutamente ninguém se salva nesse filme... De protagonistas a coadjuvantes, todos são simplesmente péssimos. Risíveis, caricatos e desconexos com a realidade (muitas vezes por terem uma essência forçada)... Parece até que eles leram o roteiro pouco antes de começarem a gravar a produção.

Justiça seja feita, a construção dos personagens é péssima (e isso acaba aliviando um pouco a culpa do elenco) e os núcleos a qual eles pertencem é muito bagunçado, inverossímil e deveras desinteressante. É claro que o resultado disso não poderia ser outro além de um empilhamento de ideias irritantes e mal executadas.

Fonte: Divulgação (VEJA / SP)

A produção técnica tenta pesar a mão nos cortes de cenas, optando por maneiras abruptas de fazer isso (certamente para causar algum tipo de impacto... que nesse caso é totalmente negativo). Junto a ideia está a utilização de uma trilha sonora barulhenta e fora de contexto que só serve para bagunçar ainda mais o que já está bem complicado de acompanhar. Já não bastasse isso, vale mencionar que a fotografia do filme além de pobre, evidencia a precariedade da grande maioria dos cenários.

Sério Rezende é o chefe desse amontoado de erros e nada mais justo do que lhe atribuir uma boa parte da culpa por esse feito esquecível do cinema nacional. Tudo corre tão solto e sem o menor comando (além de não ter nada de inovador aqui) que durante o desenvolvimento do filme - ou pelo menos da tentativa disso, eu ficava me perguntando se ele realmente chegou a ir, algum dia, nos locais das filmagens. Não há nada que se aproveite no trabalho dele, porque o que ele oferece ao telespectador é apenas frustração e uma sensação de perda de tempo.

Fonte: Divulgação (Pipoca Moderna)

Em Nome da Lei é uma tentativa extremamente falha do cinema brasileiro em fazer um filme com um viés de justiça no estilo "aqui se faz, aqui se paga", onde os próprios meios para isso são tratados de forma leviana (para não utilizar outra palavra) e fragiliza por completo o fiasco dramático que tenta amarrar a produção inteira... Aqui, o preço da justiça que o filme tanto prega é a paciência do público.

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