#FILMOTECA# - "Fences" | "Um Limite Entre Nós" (2016)

in #filmoteca6 years ago (edited)

Fonte: Divulgação (Movie Critical)

Sinopse: Troy Maxson é um jogador de beisebol aposentado, que sonhava em se tornar uma grande estrela do esporte durante sua infância, agora trabalha como coletor de lixo para sobreviver. Ele terá de navegar pelas complicadas águas de seu relacionamento com a esposa, o filho e os amigos para encontrar um sentido real para viver.

Traçar metas é algo inerente a uma grande partes dos seres humanos. Muitos de nós somos movidos à base de sonhos e usamos os mais diversos tipos de motivações para nos lembrar disso a todo momento. No entanto, nem tudo o que sonhamos se torna realidade (ou sequer, chega próximo daquilo que nós imaginamos), então, é preciso saber - ou aprender -, mais cedo ou mais tarde, a lidar com a frustração... E é justamente essa situação que Troy vive no terceiro ato da sua vida.

Fonte: Divulgação (Out To The Movies)

Baseado em uma aclamada peça de teatro vencedora do Prêmio Pulitzer (um dos gigantes para a categoria), a adaptação cinematográfica do projeto ficou a cargo de August Wilson (responsável por assinar o roteiro da peça original, e também do longa metragem) e do ator Denzel Washington (que atua como o protagonista do filme). A julgar pela dupla de colaboradores, o drama tinha tudo para ser um das melhores histórias já contada nas telonas... Mas bem, infelizmente, as coisas não funcionaram tão bem assim.

A situação que subsidia todo o drama que é apresentado é bem fundamentada e garante um espaço cativo no roteiro (a ponto de realmente provocar diversos tipos de reflexão por parte do espectador), que faz da narrativa argumentativa em primeiro plano um osso que nunca sai da boca de um cachorro faminto. No entanto, apesar do bom planejamento e de alguns momentos onde o arco dramático consegue ser muito eficiente... O roteiro não consegue se sustentar nas próprias pernas.

Fonte: Divulgação (Washington Post)

O excesso de peso colocado nas costas do protagonista cansa demais (e não cansa apenas o próprio personagem, mas também a qualquer pessoa que esteja assistindo ao filme). A primeira parte do filme se limita ao falatório de Troy com o amigo e a esposa, que praticamente não tem chance de desenvolver um diálogo sólido com ele. O dono do monólogo (porque acreditem, realmente... só ele fala!) cria uma redoma de monotonia em volta do personagem que, a medida em que a projeção avança, gradativamente consegue transformá-lo em alguém com quem o espectador não consegue criar o mínimo de empatia.

Aproveitando-se dessa falha no roteiro, a companheira de cena de Denzel, Viola Davis, rouba - literalmente - o filme (e faz isso sem a menor dó!), porque ainda que as suas cenas sejam limitadas, elas concentram toda a eficácia que o drama quer mostrar (mas que até então não havia conseguido por apostar praticamente tudo no personagem do Denzel), além disso, a entrega da Viola ao personagem é algo lindo - porém, muito sofrido - de se ver (não foi por menos que ela ganhou um Oscar, né?).

O restante do elenco não se destaca, mas também não compromete o andamento do filme... São apenas meros acessórios para complementar a história (que com um pouco mais de dedicação por parte do roteiro, poderiam ter uma função mais relevante na trama) que gira em torno casal Maxson.

Fonte: Divulgação (Vulture)

Extenso em sua duração (algo em torno de 130 minutos), o filme garante momentos enfadonhos devido a sua tentativa em querer criar momentos dramaticamente épicos onde não há espaço e nem combustível para isso. Há um excesso na decisão de querer colocar o protagonista em um pedestal de moralidade (por sinal, algo bem longe da realidade dele) que deixa tudo muito plastificado, criando um ar de falsidade e de fragilidade - até de irritabilidade em momentos bem específicos - que pode ser quebrada a qualquer momento (acabando com a imagem de "durão" que Troy sustenta a qualquer custo).

No final das contas, Denzel tem um tempo de tela esmagador (nada comparado a qualquer outro dos atores do elenco)... Mas não consegue fazer nem 10% do que a Viola faz com muito menos de tela do que ele (é uma diferença nítida na qualidade das performances). Creio que se a direção do filme estivesse nas mãos de outro diretor (não pelo fato do Denzel ser um diretor ruim, porque curiosamente, ele não é... mas ainda demonstra imaturidade para assumir uma cadeira tão importante assim), um que estivesse olhando o projeto do por cima - e não sendo parte integrante dele - , bem como outro roteirista - alguém que oferecesse algo novo a ser contado - o resultado do filme fosse muito melhor.

Fonte: Divulgação (Newsweek)

Sem destaques para qualquer tipo de aspecto técnico que pudesse fazer o conceito do filme subir (porque até a montagem do filme é falha... ela praticamente não existe), o filme é uma prova clara de que a peça de teatro deveria continuar vivendo apenas nos palcos.

"Um Limite Entre Nós" consegue - com muito esforço - criar um elo com os espectadores (é um drama bem familiar, com pitadas de conflitos raciais), mas não é um elo muito forte... Porque ele se mantém "firme" apenas enquanto a projeção está em andamento (e se parte assim que os créditos finais começarem a surgir na tela).

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Valeu por mais essa, @brazilians!

Sensacional esse filme. Gostei muito do papel de Denzel nesse filme. Uma maneira teatral de atuar. Um filme excelente!

Queria ter gostado mais... Achei esse lance do ladro teatral muito prejudicial nas telonas. Mas, o filme tem um argumento muito forte e merece ser assistido.

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