#FILMOTECA# - "Woman in Gold" | "A Dama Dourada" (2015)

in #filmoteca5 years ago

Fonte: Divulgação (Coming Soon)

Sinopse: Década de 80. Maria Altmann é uma judia sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que decide lutar contra o governo austríaco para recuperar diversas obras de arte que pertenciam à sua família e foram roubadas durante o confronto.

Todo filme que retrata a história dos judeus durante o massacre que foi a Segunda Guerra Mundial é emocionante por si só (não apenas pela história em si, mas também pela forma como são retratados os acontecimentos), mas poucos filmes conseguiram mudar, com tanta eficiência, o foco dentro dessa temática (que é realmente algo muito diferenciado, sendo digno de muitos debates) e ainda sim, continuar tão envolvente.

Fonte: Divulgação (Variety)

O foco do filme é colocar em discussão as obras de arte que foram saqueadas/roubadas das casas dos judeus, que em plena guerra, tiveram suas casas arrombadas e todos os seus objetos de valor (sejam eles com valores monetários já taxados, ou os que ainda poderiam, em um futuro próximo, - por alguma razão específica que muitos deles ainda desconheciam - ter um valor muito expressivo) roubados sem "a menor das cerimônias", antes que as milhares de famílias fossem presas e brutalmente humilhadas e / ou mortas.

A "guerra fria" que acontece no filme (que segue a linha dos dramas de tribunais, apesar do mesmo ser apenas um dos locais acessórios para consolidar o peso da narrativa) se dá entre uma judia (Helen Mirren em uma de suas melhores performances!) residente nos Estados Unidos que ao sentir-se lezada por ter uma importante parte da sua família "presas" nas mãos do governo da Áustria (uma famosa pintura de sua estimada tia, que agora é patrimônio cultural do país), decide procurar um advogado (Ryan Reinolds, meio apático em várias cenas... mas ainda sim, entrega um bom trabalho) para reaver a obra, que por sinal, não é a única.

Fonte: Divulgação (The Film Stage)

Esse é o cenário das batalhas judiciais e para todos os demais dramas que acontecem no filme. A linha narrativa do roteiro acertou em cheio ao trazer inúmeros "flashbacks" do passado de Alma (basicamente contando as partes mais importantes da história da personagem) e conectá-los com os acontecimentos do tempo presente. Essa conexão entre tempos distintos é o principal fio condutor para o ritmo do filme fluir tão bem, e gradativamente, cada vez mais forte em seu desenvolvimento.

Tudo conversa muito bem entre si: os personagens são complexos e tem muita intensidade (sejam pelas suas motivações particulares, ou pelo senso de justiça coletivo), o roteiro segue sempre evoluindo de maneira consistente (sem apresentar margens para cair em muito clichês e correr o risco de se tornar um dramalhão daqueles chatos de serem assistidos) e a produção é extremamente caprichada.

Fonte: Divulgação (Extra Movies)

Os cenários são incríveis (e os figurinos de época ajudam a complementar a atmosfera que é alma do projeto)... É praticamente um intercâmbio pelos diversos pontos turísticos mais importantes da Áustria, algo que sem dúvida faz o telespectador viajar em sair do lugar. A fotografia do filme é perspicaz em criar contra pontos muito importantes em relação aos dramas vivenciados pelos personagens e isso fortalece a narrativa de uma forma monstruosa porque tudo fica mais crível - se é que a história precisava disso, afinal, o fato realmente aconteceu - e o apelo emocional fica ainda mais latente e visível.

Simon Curtis tem uma pegada na direção bem firme e ele consegue amarrar todos os núcleos e suas respectivas histórias (de ambos os tempos) através de uma abordagem rica não apenas em conceitos visuais (porque existem ótimos planos sequências e também, muitos takes diferenciados para filmes que seguem esse gênero cinematográfico) mas principalmente pela sensibilidade em perceber todo o potencial dramático (e saber trabalhar muito bem com isso!) de um importante episódio histórico que ele tem em mãos.

Fonte: Divulgação (The Telegraph)

A Dama Dourada é o tipo de filme que te convida a refletir sobre um fatídico momento que ficou marcado na história mundial. Não é apenas "mais um filme", é uma forma que o cinema encontrou para exercer o direito dos judeus de terem a chance de ter um pouco da sua essência traumática retratada de uma forma tão cuidadosa e fiel (apesar do american save us all, que é de longe, a parte mais incômoda do filme).

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