Marteladas #4 - Deus Está Morto

in #filosofando6 years ago

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Sim!! Chegamos a quarta edição da série Marteladas!!

Veja as edições passadas:

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O Super-Homem de Nietzsche
O Filósofo do Martelo
Crise Existencial ao Ler Nietzsche

"Deus está morto!" ... O frasezinha polêmica, não? Mas isso é Nietzsche, afinal!

Para ser mais completo:

Deus está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós! Como haveremos de nos consolar, nós os algozes dos algozes? O que o mundo possuiu, até agora, de mais sagrado e mais poderoso sucumbiu exangue aos golpes das nossas lâminas. Quem nos limpará desse sangue? Qual a água que nos lavará? Que solenidades de desagravo, que jogos sagrados haveremos de inventar? A grandiosidade deste acto não será demasiada para nós? Não teremos de nos tornar nós próprios deuses, para parecermos apenas dignos dele? Nunca existiu acto mais grandioso, e, quem quer que nasça depois de nós, passará a fazer parte, mercê deste acto, de uma história superior a toda a história até hoje!

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No entanto, boa parte dessa polêmica vem de uma má interpretação da frase, o que o senso comum entende sobre essa frase não chega nem perto de seu significado real.

Imagine! Trata-se de um dos filósofos mais importantes da história do pensamento humano, ele resumia em apenas uma expressão conceitos filosóficos que mereciam livros e livros para serem explicados, daí não ser possível interpretar suas frases de forma tão literal, antes de tudo é necessário entender o contexto.

E daí vem aquela crítica superficial, para não falar boba: Se Deus nunca existiu como pode ter morrido?

É que Nietzsche nunca disse que Deus não existe, mas faz uma crítica à sociedade e a suas crenças e valores.

Até porque se Deus existe não é relevante, pouco importa, na verdade sendo fruto da fé ele passa a existir quando alguém acredita nele, embora não no sentido mitológico divino, mas como uma conjectura humana.

Se digo: “Deus existe?”, não é um problema. Não disse o problema, onde ele está? Por que coloco tal questão? Que problema está por detrás disso? As pessoas querem colocar a questão: “acredito ou não em Deus?” Mas ninguém liga se acreditam ou não em Deus, o que conta é: por que dizem isso, a que problema isso responde? E que conceito de Deus elas vão fabricar. Se você não tiver nem conceito nem problema, você fica na besteira, não faz filosofia” - Deleuza, Abecedário.

Este filósofo foi um crítico ferrenho das instituições religiosas, mas não da religião e da fé em si próprias, critica o que o homem fez de Deus, e com o tempo este perdeu suas características originais.

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O ser divino reflete as características humanas, se a sociedade muda deus segue as mudanças. O tio Nie critica justamente a perda da bondade, do bem, e do verdadeiro, um deus bondoso e justo foi substituído por um deus vingativo e problemático. Isto é, a ruína dos valores tradicionais.

Assim, uma parcela da humanidade modelou deus conforme seu próprio interesse, assim as regras e pecados foram construídos com o objetivo de controlar o restante do povo e garantir o cumprimento desta classe dominante, e não sob uma vontade ética e bondosa.

Entretanto, avisa sobre o caos da morte de deus, o homem idealizado por Nietzsche não depende de um padre ou um guia espiritual para nortear a sua vida, no entanto o homem substituí o aconselhamento religioso por outras coisas, como que por uma necessidade psicológica, e daí surgem as religiões good vibes e modinhas.

Acontece que embora deus tenha "morrido" seus fantasmas a muito ainda influenciam a humanidade, valores divinos ainda estão presentes no homem, e até mesmo na razão e na ciência, e de certa forma a ciência ocupou o vazio, a nova religião é o progresso humano.

Novas lutas – Depois que Buda morreu, sua sombra ainda foi mostrada numa caverna durante séculos – uma sombra imensa e terrível. Deus está morto; mas, tal como são os homens, durante séculos ainda haverá cavernas em que sua sombra será mostrada. – Quanto a nós – nós teremos que vencer também a sua sombra!” - Gaia Ciência - Nietzsche.

Nesta lógica a morte de deus é a liberdade do homem, mas isso não necessariamente significa que tudo são flores, a liberdade traz grandes consequências, como o peso de viver sem nenhuma bengala e auxílio espiritual, no entanto o período pós-deus é apenas um pedaço do caminho, sendo o pote de outro o super-homem.

Portanto, após a morte de deus para o bem da humanidade esta deve substituir valores, mas aqui é necessário muito cuidado, porque se escolhidos valores errados acabaremos no niilismo.

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E você, o que acha da frase destacada neste texto?

Me siga para ler um pouco de Nietzsche, toda semana um texto, toda terça-feira!

Obrigado para quem leu até aqui!
Até a próxima!
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Sem deus a vida é tudo.

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