Em defesa da moralidade objetiva

in #filosofia5 years ago (edited)

Nas minhas duas postagens anteriores eu escrevi sobre um assunto filosófico que muito me atrai, que é a moralidade. E percebi que esse assunto despertou um interesse até razoável para os padrões do Steemit onde a interação ainda é muito baixa:

Então resolvi fazer essa postagem continuando com o assunto. Mais especificamente, vou tentar aqui sanar aquele que parece ter sido o ponto que gerou maiores questionamentos, que é o fato de a moral ser ou não objetiva.

Primeiramente gostaria de deixar claro que, mesmo que a moral seja objetiva, isso não impede que a nossa percepção sobre ela seja imperfeita, e portanto, subjetiva. Pra exemplificar esse ponto, imagine que você junte em uma sala 10 pessoas completamente ignorantes sobre o que é um buraco negro, e faça perguntas a elas sobre características dele. Como eles são ignorantes sobre esse assunto, cada um vai dar uma descrição diferente sobre o que é um buraco negro, e provavelmente até conflitantes umas com as outras. Mas isso torna o buraco negro algo subjetivo? Claro que não, apenas a percepção dos sujeitos sobre ele é que é imperfeita e cheia de furos e imprecisões.

Então se formos apenas observar ao longo da história humana aquilo que consideramos moral ou imoral perceberemos que cada cultura tem sim muitas semelhanças morais, mais também muitas diferenças substanciais. Mas como expliquei acima, isso por si só não significa que não exista uma moralidade objetiva subjacente, apenas esperando para ser descoberta, assim como descobrimos cada vez mais sobre buracos negros, por exemplo.

Tendo feito essa introdução, vamos agora propriamente à breve defesa da existência de uma moralidade objetiva atrelada à nossa realidade factual.

Imagine que não houvesse parâmetro objetivo nenhum para avaliar um princípio moral. Se assim fosse, não teríamos como confrontar uma moralidade com a outra, pois ambas seriam 100% subjetivas, uma mera questão de gosto, crença ou opinião pessoal. Isso nos levaria a um niilismo moral total e completo onde a rigor ninguém teria o direito de se julgar moralmente superior a ninguém.

Agora pense no quão absurdo seria isso. Será mesmo que o assassinato de um inocente não é algo inerentemente errado mas uma mera questão de opinião/crença pessoal? Será mesmo que o estupro de uma criança não é algo inerentemente errado mais uma mera questão de opinião/crença pessoal? Analise se realmente pensar dessa forma faz algum sentido lógico.

Não não faz. Algo dentro de nós fica gritando que isso é realmente errado, pois ninguém tem direito de dispor sobre a vida do outro, nem sobre o corpo de uma criança contra a sua própria vontade.

Bem esse assunto dá muito pano pra manga e essa postagem tem a intenção de ser apenas uma introdução inicial sobre o tema pra ver se vale a pena continuar divagando sobre ele. Mas basicamente pra começar seria isso, ou seja, assumir que a moralidade é sempre subjetiva e sem parâmetros objetivos de avaliação nos levaria a um niilismo moral absurdo e ilógico, e portanto é no mínimo mais razoável acreditar que ela seja objetiva, e baseada em premissas objetivas.


pixabay


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Um problema dos dias de hoje é a linguagem. As palavras não significam as mesmas coisas para as diferentes pessoas. Criaram-se padrões de linguagens dentro de cada língua de acordo com a cultura que a forma. Um professor e um médico que estudam a vida toda, perdem sentido para aula do YouTube. Objetivo é palavra, assim como subjetivo, fazem parte do vocabulário. Um americano fala outra língua, utiliza outro vocabulário.

Assim na língua criamos regras de palavras para dar sentido ao que pensamos. Afinal onde está o o pensamento? Pegamos ele com a mao? Da onde ele vem?

O cérebro contém correntes elétricas, que fazem sinapses, em marca passos elétricos automáticos, será que vem dali? Como um acidente vascular encefálico pode causar falha no pensamento? No julgamento? Como uma síndrome psicótica como na mania de um transtorno maníaco depressivo em um delírio paranóico e grandioso também perde a capacidade de juntamento? Como se identifica em um laudo a diferença entre uma neurose não justifica um crime por não cumprir a lei e uma psicose que o indivíduo está com uma fragmentação da realidade, por vezes experimentando vozes e delírios?

Os valores morais são subjetivos, vem ds subjetividade de cada um ao interpretar o mundo. Da onde originam há teorias? Mas que eles existem na mente de cada um vejo todo dia, e te afirmo a diversidade infinita de valores que não são objetivos ou objetivados, além das pessoas que perdem capacidade de juízo mesmo dotadas de valores cristãos ou qualquer outros social. Passamos a objetiva-los para viver em sociedade. Criamos leis para punir os que não convivem em sociedade. Em nossa cultura. Fazem parte disso valor fatores, dentre os mitos e tabus dos povos primitivos. Desde 1500 se estudam muitos povos primitivos com antopologistas que vivenciam uma cultura e escreve sobre seus valores, seus comportamentos, suas crenças místicas. A cultura helênica, depois as religiões retomaram com a evolução do cristianismo e catolicismo, o império romano, e por aí vai até chegarmos hoje.

No Brasil vivemos, e te digo isso porque vejo ao vivo, culturas que matar é status social. No Rio de Janeiro tem Milícias organizadas que matam todo dia. O morro tem tiroteio quando é invadido pela polícia e guerra de facções. Não tem emprego. Não tem estudo. A polícia segue ordem, segue a lei. A mesma que fizemos, mas os seres humanos polícia tem uns que são criminosos também, matam sem piedade crianças, mulheres, homens. As crianças crescem sem pais, com escola meio ano parada por tiroteio, e sucateadas. Começam a roubar porque nos valores que compartilham é normal. As religiões muitas vezes são as salvacoes dessas pessoas. Estamos falando de miséria, de 10 em um barraco de 1 cômodo como fui semana passada. Só quem chega lá é o Estado. Bem ou mal. Se não existe polícia também seria um caos.

Objetivo meus valores aqui. No presente que vem do meu pensamento, que na minha crença se originaram por acreditar em Deus e partilhar dos seus valores com outros seres humanos. E em relação aos meus valores, da realidade que vivo, das frequências que meus órgãos da visão e audição captam, e meus órgãos dos sentidos se transformam em pensamento, acreditar que uma sociedade deve ser regida pela moral é falta de caráter. Mas em relação ao meu. Em relação a sociedade respeito outros valores. E compartilho que ninguém pode roubar e matar. Mas estudo porque as pessoas fazem isso, e fornecemos dados científicos de porque, e estudamos como humanidade há milhares de anos porque. É vimos que é preciso pensar no Agora, e no futuro. Seguir as leis criadas pela sociedade. Questiona-las quando ferir os valores compartilhados através da justiça. É utilizar o conhecimento para mudar a sociedade pelos valores, pela ética, e não por dinheiro. Por isso muito por educação e saúde pública de qualidade. Pago meus impostos. É espero que meus filhos que planejo ter viva em uma sociedade melhor. Fico triste por achar que não viverá.

Os políticos tem mais dificuldade. A sociedade não participa. E os bárbaros criam mais bárbaros. Um ciclo sem fim. Obrigado pela reflexão.

Você novamente tocou na subjetividade dos valores morais por eles serem individuais. Eu até comentei um pouco sobre isso nessa postagem quando falei dos indivíduos tentando descrever um buraco negro, mas acho que não fui muito claro e vou ver se faço outra postagem reforçando esse aspecto do porque a moralidade é objetiva apesar da nossa percepção de que ela ao menos em parte seja subjetiva.

Também tocou no vínculo entre moralidade e religiosidade. Talvez esse tema também valha um tópico. De qualquer forma grato por enriquecer o debate.

A subjetividade vem da interpretação de cada ser humano. Os valores são palavras que nós damos. Toda nossa interpretação mental é subjetiva, e passível de objetivar. A moral é individual e coletiva. Troca mútua entre o individuo e o social que o forma. Se criar um animal humano em um quarto, sem acesso ao social, e bater nele todo dia, não ensiná-lo valores sociais, o valor que ele dará dependerá do que der prazer, se for comida, será valor pela comida, outros são dor, dor também pode dar prazer. Um animal que vai agir somente por recompensa, como outros animais mais primitivos, não valores morais, esse humano não vai cair do céu seus valores morais, só vai ser um animal instintivo e agressivo, talvez nem fale. Vemos muitos assim, infelizmente, em diferentes arranjos sociais, permitidos pela sociedade que se diz civilizada.

Objetivo e subjetivo não é sinônimo de físico e metafisico, ou se existe ou não existe. Dizer que a moral é objetiva, pode ser dito, mas não respeita contempla o significado de subjetivo em relação ao objetivo. Já que subjetivo, vem de subjetividade, de pensamento. Agora que ela pode ser objetivada, sim ela pode.

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