Mais do mesmo, enquanto as coisas não mudam

Reclamações do cotidiano parecem quase tão comuns quanto entrar no elevador e conversar sobre o tempo. Inacreditável, como a maioria dos assuntos puxam para política e situação econômica do país. Nesse último fim de semana, eu e meu marido pegamos uma carona. Depois de um tempo, conversando sobre aleatoriedades, não teve jeito, o assunto chegou em um contexto sociopolítico, entre os assuntos bolsa família, reforma trabalhista e da previdência.

Por sorte, ninguém recaiu sobre favoritismos de partidos. No entanto, entre as discussões, os apontamentos eram muito parecidos com os de quaisquer outras conversas tidas sobre o tema em outras situações. Invariavelmente, as ideias sobre mudanças acabam sendo quase sempre as mesmas, analisando de uma forma ampla.

Parece que não é tão difícil melhorar o Brasil. Exemplos de sucesso pelo mundo, que poderiam ser repetidos por aqui não faltam. Eles nunca são esquecidos. Todo mundo conhece alguém que mora no exterior e vive tão bem porque tem isso ou aquilo que é vantajoso ou então deixa de ter essa ou outra burocracia/chateação.

Conversas amigáveis do gênero desenrolam fácil. Se arrumar aqui, conserta ali. Mas se cortar aqui, pode ser ruim para fulano de tal. Porém, se a ajuda for paliativa, pode manter. Depois de um tempinho variável, todos podem ter chegado a quase um consenso depende dos envolvidos. No fim, é comum uma sonora conclusão: “esse assunto rende horas.”

Todos saem praticamente indiferentes até uma nova conversa. Os itens da lista de problemas e desejos continuarão os mesmos, ou maiores. Os exemplos de onde deu certo ainda estão latentes na memória.

Em um adendo, alguns dirão que falta um pouco de “síndrome de Gandhi”: “Seja a mudança que quer ver no mundo.” De fato, algumas atitudes parecem, na teoria, ser bem fáceis, como não jogar lixo na rua, respeitar o próximo, deixar de pilantragens e por ai vai.

Ok! E quanto às cobranças? Como cobrar e acompanhar os políticos? “Pesquise na internet, faça reuniões sobre o tema, acompanhe fóruns…” Na prática, quem tem tempo e entendimento suficiente para fazer essas ações?

Trabalhamos em um regime arcaico que muitos consideram ótimo. Por incrível que pareça, muitos ainda não têm acesso à internet. A educação das escolas não consegue reter alunos, quem dirá conscientizar sobre tais problemas e possíveis ações de melhoria. Quanto aos pais e a família, muitas vezes, estão mais perdidos do que as crianças, isso quando existem e não estão perdidos pelo mundo.

Tudo isso só para resumir. Poucos podem fazer a diferença, sim. Isso se não forem calados pelo sistema antes das suas conclusões. Vale a pena virar mártir? Interrogações sem fim de um distante desfecho. Uma brevidade de palavras, porque “textões” já existem aos montes.