Europa: do Feudalismo ao Renascimento - #FazendoHistória

in #pt6 years ago

 
Desafio feito, desafio aceito. Antes de mais nada quero parabenizar o @leodelara pela iniciativa, a comunidade pt-br precisa muito disso para crescer cada vez mais.
 
Eis aqui a minha contribuição para o #fazendohistoria.


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O Feudalismo, um sistema de organização social, surgido após a queda de Roma, teve seu auge por volta do século VIII e mantendo-se até aproximadamente o século XI. Funcionava da seguinte forma: o senhor feudal detinha uma porção de terra (feudo), que nada mais eram do que aldeias, as terras dos seus vassalos (camponeses), as terras da Igreja, as pastagens e florestas.
 
Era uma relação de produção servil e respeitavam duas tradições, o “comitatus” e o “colonatus”. O “colonatus” nada mais é do que uma concessão de parte das terras do senhor feudal ao colono, em troca de parte da sua produção, já o “comitatus” era uma relação entre suseranos (escala de hierarquia abaixo do senhor feudal e acima do vassalo) e vassalos baseada em honra e lealdade.
 
A sociedade feudal era bem parecida a uma sociedade de castas pois não havia mobilidade social, ou seja, os membros dessa sociedade não podiam passar de uma camada social para outra.



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Nessa época emergia o absolutismo que, como o próprio nome já diz, trata-se de um poder absoluto exercido pelo Estado sem interferência de outros órgãos. Houve na história humana vários momentos em que Estados partiram para o poder absolutista, mas segundo Abbagnano, esse nome foi cunhado na primeira metade do século XVIII e pode se tratar de um poder papal, monárquico e outros.
 

No uso filosófico corrente, esse termo não se restringe mais a indicar determinada doutrina política, mas estende-se à designação de toda e qualquer pretensão doutrinal ou prática ao absoluto, em qualquer campo que seja considerado (ABBAGNANO, 2007. pág. 13)

 
Em suma, foi um regime adotado por países europeus entre os séculos XVI e XVIII, mas podemos identificar também o absolutismo em várias monarquias entre os séculos XIV e XV. Deixou de existir por volta do século XIX, muito graças à Revolução Francesa e as mudanças que ocorreram graças a ela, tal modelo era muito contestado pelos iluministas.



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Já o mercantilismo surgiu por volta do século X, mas teve seu auge entre os séculos XV e XVIII, período em que as monarquias se firmavam como Estados modernos e recebiam apoio da burguesia que queria expandir comercialmente para fora das fronteiras.
 
As principais características eram: controle estatal da economia (exercido pelo Estado com o apoio da burguesia); balança comercial favorável (exportar mais do que importar); monopólio (o controle exercido pelo Estado era vendido em forma de concessão para a burguesia); protecionismo (aumento de impostos para produtos importados e proibição de exportar matérias-primas); ideal metalista (acreditavam que as riquezas dos Estados se media através da quantidade de ouro e prata que possuíam).
 
O mercantilismo é a base do capitalismo moderno com apenas algumas mudanças, mas ainda há esse favorecimento do Estado à burguesia ou grandes grupos, o exemplo disso no Brasil é o agronegócio.



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Em meio a todas essas mudanças políticas surge o Classicismo, um movimento cultural que marca o fim da “Idade das Trevas”. Determinado pelo fim do feudalismo e o início do mercantilismo, por mais que fosse marcado por “novidades” ou mudanças é marcado também pela valorização da cultura grega, não para revivê-la mas sim para reinventá-la, principalmente por causa da visão que se tinha do homem.
 
Junto a tudo isso emerge também o Humanismo, que é um conjunto de valores ou doutrina, é o começo da valorização do intelecto humano, o homem começa a querer saber e começa a conviver mais com a escrita. Também é marcado como o momento onde o homem começa a tomar as rédeas da sua vida, começando a deixar o teocentrismo de lado passando dessa forma para um homem racionalista.
 
E por fim, o Renascimento que é originado na Itália graças ao crescimento mercantilista do Mediterrâneo que deu origem à burguesia mercantil. Marcado pela revolução nas artes, na literatura, na política, na religião e nos aspectos socioculturais. Foi uma ruptura com o modelo religioso fanático dando vida ao materialismo e antropocentrismo.



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O Renascentismo também marca uma época de reforma religiosa (católica, protestante, calvinista e outras), justamente por marcar uma época onde o ser humano começa a dar mais valor à laicidade, ao racionalismo e à ciência.
 
Podemos dizer que essas mudanças na maneira de pensar do ser humano, ou movimentos culturais, tiveram de aspecto comum alguns pontos, como a evolução e o nascimento do modelo de ciência atual, uma maior valorização do homem em detrimento à religião, a valorização das artes, uma nova forma de pensar na política, uma nova visão sobre a sociedade e a legislação, enfim muitas mudanças ocorreram e são remanescentes até os dias atuais e o ser humano continua #fazendohistoria.
 
Referências Bibliográficas.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5a Edição. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
BLOG Humanismo e Classicismo. Humanismo e Classicismo. Disponível em: http://humanismoeclassicismo.blogspot.com/ Acesso em: 11 de julho de 2018.


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Olá, tudo bem contigo @antigourmet? Parabéns por seu post e obrigado por usar nossa nova tag #fazendohistoria. E é claro, de participar do Desafio! Bem, vamos lá! Gostei da ousadia, hehe abordar história medieval em um tag proposta por um historiador medievalista. Mas vamos que vamos, é isso aí... Provavelmente farei um post futuramente, em que abordarei com mais detalhes diversos elementos que você traz em seu texto, para que assim, possamos debater o assunto e seguir aprendendo mutuamente.
Os estudos medievais, através das publicações mais recentes, demonstram que várias das visões produzidas pela historiografia tradicional e positivista do século XIX e primeiras décadas do XX, são apoiadas em documentação da elite cristã e alto clero, com pouca ou nenhuma crítica das fontes, movimento que surge posteriormente na história da historiografia. Como por excelente exemplo temos o clássico Those Terrible Middle Ages: Debunking the Myths da medievalista francesa Régine Pernoud com publicação em inglês em 2000. Ou a coletânea de artigos Misconceptions About the Middle Ages organizadas por Stephen Harris e Bryon L. Grigsby e publicado em 2010. Só para listar alguns dos artigos, já traduzidos por mim, temos: "A Igreja Medieval era corrupta?", "O Mito da Terra Plana", "A Idade Antes da Razão", "Reabilitando a Medicina Medieval", "Uma “Revolta Camponesa”?" e "A criança medieval: um fenômeno desconhecido?".
Mas não se preocupe, seu texto está ótimo e mais do que isso me estimulou com inúmeras ideias para novos posts.

Que a Deusa Fortuna esteja do seu lado!!

Assinatura #fazendoHistória
Saiba mais!

Eu gosto bastante de História, infelizmente na minha licenciatura acabava aprendendo apenas os pensadores de cada época, mas por gostar, nos trabalhos que fazia sempre tentava encaixar algum contexto histórico, alguns professores gostavam e outros não, normal.
Particularmente, não gosto muito da maioria dos pensadores do Medievo, apenas os pensadores orientais, os europeus eram muito ligados à Igreja Católica e tinham um pensamento que além de não concordar, não me agrada.
Neste texto eu iria extender até o Iluminismo, mas ia ficar muito extenso e desisti.
Se tiver os links desses artigos manda pra mim, gosto bastante desse tipo de leitura.
Abraço e obrigado.

Belíssimo texto!

Adoro história, ótima contribuição!


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