O dia internacional das mulheres na ciência: Hipátia de Alexandria. #Filosofia

Dia 11 de Fevereiro foi a data escolhida pela ONU para “comemorar” o dia das mulheres na ciência. A resolução da ONU (A/70/474/Add.2), não se restringe apenas a escolha de uma data, mas sim todo um processo junto a vários países para prover igualdade de oportunidades para ambos os sexos.
 
Como especificamente a ciência não é minha área, em homenagem a esta data e as mulheres vou escrever sobre a primeira matemática que se tem relatos na história, que também foi filósofa e astrônoma.

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A data de seu nascimento é incerta, o ano de 355 E.C. é o mais aceito, mas há também quem diga e aceite o ano 370 E.C. a única data de consenso é a de sua trágica morte, no ano de 415 E.C.
 
Hipátia era filha de Téon, astrônomo, matemático e diretor do Museu de Alexandria, foi neste meio de pesquisas e estudos que cresceu.
 
Seguiu na escola de Platão e Plotino, os chamados neoplatônicos, se dedicava em pensar acerca do “mundo das ideias” e do “mundo físico”, e, de várias questões metafísicas levantadas por Plotino em sua obra.
 
Assumiu o ascetismo como forma de vida, ou seja, a abdicação dos “prazeres mundanos” em prol do desenvolvimento espiritual.
 
Da mesma forma que os gregos faziam nas Ágoras, Hipátia dava aulas sobre os princípios da Filosofia para quem quisesse ouvi-la, há relatos que muitos alunos vinham de muito longe para ouvir seus ensinamentos, curiosamente, todos homens. Lecionava também em cursos fechados, não se sabe ao certo se havia retorno financeiro mas acredita-se que não.
 
Foi precursora à sua época de um novo método matemático de divisão, uma das criadoras do astrolábio, um instrumento náutico antigo utilizado para medir a distância entre os astros e o horizonte, utilizado até o século XIX. Foi consultada também para a criação do hidroscópio, um medidor de líquidos.
 
Era uma mulher de muito prestígio em Alexandria e por mais que sempre estivesse rodeada por homens, não se sentia menosprezada, pois todos a admiravam. Um de seus alunos era Orestes, prefeito de Alexandria indicado por Roma, este acabou por ser seu amigo e confidente (se tem certeza da existência de Hipátia por fragmentos de correspondências trocadas entre os dois).
 
Hipátia viveu em uma época onde ocorriam várias mudanças religiosas em território romano, haviam cada vez mais cristãos (católicos) mas havia ainda muita indisposição entre os cristãos, judeus e pagãos, cada qual querendo seu espaço sobrepujando os outros, era um tempo de transição.
 
E é justamente em meio a essa transição que ela se torna amiga e confidente de Orestes, o prefeito, este que sempre a consultava antes de tomar várias decisões, mas como sempre, onde há poder há uma disputa de egos também, e, o bispo Cirilo que era um fanático religioso, sempre foi contra Orestes por este ser mais tolerante com os que professavam outra fé.
 
E qual foi o método utilizado por Cirilo para combater Orestes? Atacar Hipátia. Não se sabe ao certo se ele foi o mandante de sua morte, o que se sabe é que durante anos ele insuflou seus seguidores contra Hipátia, acusando-a de bruxaria (conhecemos isso hoje como fake-news).
 
O fato é que: no ano de 415 E.C., Hipátia foi retirada à força de sua carruagem, arrastada até uma igreja onde foi despida e teve pedaços de seu corpo arrancados com conchas de ostra (alguns dizem que foram com pedaços de cerâmica), mesmo depois de morta teve seus membros separados do corpo e alguns pedaços queimados em uma pira da cidade. Morria ali uma das pensadoras mais influentes da época na matemática, astronomia e filosofia.
 
Não há mais relatos históricos de Orestes após a morte de Hipátia, acredita-se que ele fugiu temendo por sua vida. Seu possível algoz, o bispo Cirilo, foi canonizado pela igreja católica e hoje detém o título de São Cirilo de Alexandria.
 
Mas disso tudo o mais importante é o legado que Hipátia nos deixou, uma mulher que quebrou paradigmas em uma sociedade onde apenas os homens possuíam voz, ela os quebrou e continuaria os quebrando se a deixassem, mas, mesmo assim, o legado de Hipátia será eterno, ela sempre será a primeira mulher matemática da história.



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