Agressor rancoroso ou cuidador empático

Escrevi essa frase há algum tempo. Hoje, já sinto necessidade de acrescentar uma observação: legal ser um cuidador empático, mas se, no mínimo, puder evitar a agressão, já estamos no lucro! hahaha Transmutar dor em empatia é algo que não é fácil, exige que ampliemos a visão para além de nossa individualidade para enxergar situação de uma maneira ampla. Além disso, só é possível fazê-lo quando a esperança de superação da dor se torna maior do o medo de sofrer. E essa mudança exige realmente um olhar diferente sobre as coisas. Lembro de uma ideia que um dos meus instrutores no caminho do autoconhecimento sempre dizia: é como se nós nos tornássemos objetos observáveis de nós mesmos. É, apesar de estar sentindo aquela dor, sermos capazes de colocar nós mesmos na palma das mãos para podermos observar melhor o que acontece ali.

As pessoas que podem nos ferir tem um poder potencial sobre nós. Ao sofrer uma dor, nós nos sentimentos despotencializados. Ao causar uma dor, nós estamos, intencionalmente ou não, exercendo um poder sobre outra pessoa. É sempre uma pena quando este poder é transformado em um objetivo fim, prêmio de disputa nas relações. Quando isso acontece e eu sofro uma dor, meu próximo movimento é querer causar dor em alguém, para restabelecer meu senso de poder. Mas quando o alvo é outro, eu nada estou fazendo por mim, de fato. Quando meu senso de poder é baseado nas mudanças que posso provocar no outro, nenhuma mudança acontece em mim.

Esta energia que brota da mágoa, pode então voltar-se para nós mesmos. Se aquilo que me causou dor diz sobre algo que eu mesmo não gosto em mim, esta energia pode ser voltada para a superação disso que quero melhorar. Se aquilo que me causou dor diz do outro, eu posso colocar essa energia para trabalhar a serviço de entender melhor essa relação e o que quero dela. Acho que fazendo isso, já estamos nos transformando em um cuidador empático, ao mínimo, de nós mesmos.