Um desafio individual e organizacional: complementar o "prever e controlar" com o "sentir e responder"

Utilizamos a imagem do perfeito para referenciar as ações, como guias a serem seguidos. É um atributo natural de nossa capacidade de projetar planos que ainda não são realidade, auxiliando o processo de chegar ao resultado desejado. Da mesma maneira que a imaginação é imaterial, o projeto também é de natureza abstrata, feito daquilo que só pode existir enquanto pensamento, e não matéria. Daí a iminente frustração quando não fazemos a distinção destes domínios, por esperar que o projeto pode passar de um plano para outro sem corromper a sua natureza.

O perfeito é sempre um referencial transcendente e útil apenas como tal. O contrário não é possível tanto quanto não é possível manipular a realidade acima de qualquer coisa. Somos agentes co-criadores em um universo de outros criadores e, mesmo a ação que levamos a cabo conforme planejamos, resulta em acontecimentos imprevisíveis.

Nesse sentido, as organizações em todo o mundo acidental tem passado por uma grande mudança de paradigma em relação ao hábito do planejamento. Esta mudança vem sendo inevitável na medida em que fica cada vez mais evidente que não é coerente culpar unicamente o planejamento quando as coisas saem fora do espado, considerando a dimensão caótica, complexa e incontrolável da realidade.

Frederic Laloux é autor do livro Reinventando as Organizações e resume que trata-de de não apenas prever e controlar, pressuposto dominante do planejamento estratégico atualmente, mas que também é bem-vindo e necessário o sentir e responder. A primeira dupla é da ordem daquilo que é possível antecipar, preparar e precaver, e a segunda dupla diz respeito à maneira de lidar com os acontecimentos imprevisíveis. Neste desafio, a proposta do autor é ter os instintos apurados para captar as mudanças da realidade não como indesejadas, mas bem-vindas, e então poder responder à elas da melhor maneira.

Deixo a analogia abaixo pra ilustrar como é vã a tentativa de alcançar a perfeição.