A "Sonata para Violoncelo e Piano Op.19"(1901) de Sergei Vasilievich Rachmaninoff (1873 – 1943).

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Só uma coisa sobre Rach! Maravilhoso! Foi um dos pianistas mais influentes da primeira metade do sec. XX. Sua obra composicional apesar de muitas vezes criticada em algumas literaturas, como diz a página da wikipedia dedicada ao maestro, vem sendo cada dia mais apreciada e tocada nas salas de concerto. Neste mês o coro da Orquestra Sinfonica do Estado de São Paulo apresentou “Vesperas Op37”, a Passadena Symphony and Pops, sua “Rapsódia sobre temas de Paganini”, a [San Francisco Symphny],(https://www.sfsymphony.org/Buy-Tickets/2017-18/Trifonov-Plays-Rachmaninoff-with-the-SFS.aspx), e a National Symphony Orchestra de Washington (este no dia 15 de novembro deste ano) seu “Concerto para Piano n3”.

Contudo hoje quero falar sobre uma obra que me pegou de jeito nestes últimos meses. A “Sonata para Violoncelo e Piano Op.19”

Uma obra substanciosa com um pouco mais de trinta minutos de duração, em quatro movimentos.

1. Lento – Allegro moderato (Sol menor)
2. Allegro scherzando (Dó menor)
3. Andante (Mi bemol maior)
4. Allegro mosso (Sol Maior)

É a sua música de câmara mais famosa, repleta de cores em seu fraseado, harmonicamente riquíssima, e de enorme criatividade, é uma peça em que todo o misticismo e a espiritualidade de sua arte pode ser vivida intensamente. Pessoalmente um hino de amor a vida.

Oficialmente foi terminada em novembro de 1901, estreada em 02 de dezembro do mesmo ano com o violoncelista Anatoly Brandukov (1858 – 1930), a quem dedicou a obra. Publicada em 12 de dezembro com algumas alterações. A gravação é de 2006, com Natalia Gutman (1942) ao violoncelo, e Elisso Virsaladze (1942) ao piano.

O primeiro movimento é o mais longo dos quatro, inicia com uma introdução lenta, introspectiva, que desempenha um papel fundamental no processo de escuta, a de aguçar a sensibilidade do ouvinte. O andamento aumenta, e os temas se apresentam em melodias apaixonadas, belas, e misteriosas. O desenvolvimento é tempestuoso, repleto de modulações, tensões, e conflitos, que se resolvem no dialogo de notas repetidas entre os dois instrumentos. Após este momento com o primeiro tema a reprise se inicia, entre o clima tempestuoso do desenvolvimento e o misticismo da exposição. A peça termina com a típica moda rachmaninoviana. A pulsação acelera à medida que pedaços temáticos aparecem em uma corrida até o final, e o piano coroa a coda com três acordes resolutos.

O segundo movimento, "Allegro scherzando" começa ao piano com um tema que lembra as passagens mais rápidas e sinistras da Rapsódia sobre um Tema de Paganini. O violoncelo apresenta uma ideia rítmica nos momentos de abertura. Em “Un poco meno mosso” a energia da obra se transforma, e o violoncelo entra num dos temas mais românticos e belos de toda a sonata. Os afetos de todo este movimento se alternam entre o sinistro e o divino; a rispidez e a doçura. Uma herança da música barroca com a teoria dos afetos. Enquanto no passado cada suíte (coleção de músicas) representava um afeto específico, aqui podemos sentir a mudança destas sensações em uma única obra. Graças ao desenvolvimento da forma, e a criatividade de grandes mestres, que tivemos o presente de ter entre nós.

O terceiro movimento é de beleza profunda e íntima. É como se o piano fizesse uma declaração de amor inicial, seguida de uma declaração igualmente apaixonada do violoncelo, seguido de um dialogo feito como a palma da mão de duas pessoas que se procuram e se tocam. O violoncelo segue fazendo suas afirmações, o piano se emociona em curtas notas e toma a palavra. A música toda segue num dialogo apaixonado e íntimo, em que a dinâmica e a pulsação se expande e contrai como o batimento de dois corações em um.

O quarto e último movimento “ Allegro mosso” começa de forma viva, leve e alegre, A princípio sem aquela impressão digital profunda do compositor. A alegria demonstrada de forma festiva logo se transforma em uma alegria interna. Este tema sim com a identidade e beleza dos temas desta sonata. Em seguida “Rach” habilmente manipula a interação entre os dois temas, com a igual riqueza profunda de sensações que é capaz de despertar. O primeiro tema retorna na recapitulação das ideias, assim como o segundo, este em uma nova tonalidade, outra cor, outro cheiro. A coda após mais uma breve recapitulação do primeiro tema é introspectiva, para um final forte e agil!

Espero que viajem e gostem tanto quanto eu gostei =D

Um grande abraço
Guilherme Faquetti
30 de outubro de 2018

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Referencias

https://www.hyperion-records.co.uk/tw.asp?w=W3651
https://www.allmusic.com/composition/sonata-for-cello-piano-in-g-minor-op-19-mc0002397933
https://imslp.org/wiki/Cello_Sonata,Op.19(Rachmaninoff,Sergei)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sergei_Rachmaninoff
https://en.wikipedia.org/wiki/Cello_Sonata(Rachmaninoff)
https://www.bbc.co.uk/music/works/f2ad7b77-1f4f-411f-aadd-7c7cd5b17c0c
https://www.sfsymphony.org/Buy-Tickets/2017-18/Trifonov-Plays-Rachmaninoff-with-the-SFS.aspx
http://www.kennedy-center.org/calendar/event/NTCSD
http://www.osesp.art.br/paginadinamica.aspx?pagina=MinhaSerieMarinAlsop
https://pasadenasymphony-pops.org/concert/rachmaninoff-rhapsody-on-a-theme-of-paganini-2/
https://en.wikipedia.org/wiki/Anatoliy_Brandukov