Nunca foi fácil conseguir emprego no Brasil. Se em tempos de fartura econômica é difícil, nessa crise que já se arrasta há quatro anos, essa dificuldade duplicou, triplicou.

Há alguns meses fiz um teste. Peguei o meu curriculum vitae e o atualizei. Coloquei os meus dados, minhas experiências profissionais, os cursos que fiz e enviei mais de 150 currículos, tanto pela internet, como presencialmente nas empresas em busca de trabalho.

Foram mais de 3 meses de busca e dessas 150 empresas, 15 me chamaram para entrevistas. Aqui é que começa o dilema. Essas 15 entrevistas que fui foram em bairros e zonas diferentes da cidade e para me deslocar, tive que separar um bom dinheiro para pagar o bilhete do transporte.

O que é mais desesperador, frustrante e o que deve mais irritar esses milhares de cidadãos que estão em busca de trabalho no Brasil, são os requisitos subjetivos que as empresas utilizam para selecionar os seus funcionários.

Não sei em outros países como é isso, mas aqui no Brasil, os avaliadores ou empresários numa entrevista de emprego, se prendem mais em quesitos subjetivos, ao invés de avaliarem a competência do candidato em realizar tal tarefa em sua empresa.

Para eles, não importa se o candidato teve anos de experiência na empresa anterior, não importa se ele conseguiu durante esse tempo, vender e conseguir vários clientes para a antiga empresa. Não.

Muitas vezes o simples fato de torcer para tal clube ou gostar de um estilo de música pode ser requisito para eliminá-lo do certame.

Nessas minhas idas a entrevistas de emprego, pude conversar e escutar histórias muito legais dos outros candidatos (concorrentes? Que nada) que estavam lá em busca do seu lugar "ao sol".

A maioria eram jovens adultos, alguns eram casados, tinham filhos e estavam desesperados para conseguir um emprego e dar o sustento a sua família.

Teve um rapaz que me contou que estava morando na casa da sogra, junto com sua esposa e os seus dois filhos. Quando a crise estourou em 2014, ele foi despedido, a esposa também. Sem poder pagar o aluguel, foi despejado do apartamento pelo senhorio.

São essas e outras histórias que ouvi nas filas de emprego e nas entrevistas que fui. Não está sendo fácil.

Sobre o resultado das 15 entrevistas que fui, não fiquei em nenhuma empresa, justamente pelos requisitos que citei acima. Eu tinha experiência, sabia fazer o trabalho, mas o meu clube de futebol não era o mesmo do meu "patrão" pelo visto. LOL

Eu hoje desisti de entrar no mercado de trabalho ou de buscar um emprego "normal". Não por orgulho ou algo do tipo, mas por que gosto dessa coisa chamada: Liberdade. Prefiro trabalhar para mim, fazer os meus horários, ser o meu patrão.

É um trabalho incerto, onde não tenho estabilidade, não tenho um salário "garantido" no final do mês, mas todo esse desafio, apesar de alguns sufocos que surgem, me faz feliz.

Rezo pedindo muita sorte para aqueles que estão em busca de trabalho nesse Brasil que anda sofrendo tanto com a crise. Que Deus os abençoe e as suas famílias e que encontrem o consolo e o sucesso que desejam.

Fonte IMG

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@camoes