Um Estado Longe da Realidade Social

in #pt5 years ago

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Imagem Ilustrativa


Boa noite pessoal!

Venho estando um pouco afastado últimas semanas, com pouco tempo. Assim fiquei testando alguns aplicativos.

Estamos vivendo um momento conturbado na saúde pública do Rio de Janeiro. Participando de manifestações e discussões de como podemos fazer frente a esse momento.

Para contextualizar melhor a saúde pública no Brasil, é um direito constitucional, uma política de Estado regida pela constituição de 1988.

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

O Sistema Único de Saúde - SUS é uma política de Estado, que é diferente de política de Governo. O SUS no papel é lindo, na prática é uma luta diária, que infelizmente fica a cargo dos que acreditam nele, a população também infelizmente só lembra quando precisa.

Com evolução do conceito de saúde, seguindo os príncipios do SUS de Universalização, Equidade e Integralidade, evidenciou o óbvio, que a execução das politicas públicas de saúde deviam se descrentralizar.

A autarquia responsável é o Ministério da Saúde, que direciona através das políticas do governo vigente os repasses da União.

Com a descentralização como principio organizacional os municípios ficaram como grandes responsáveis pela gestão do SUS, e também pela arrecadação.

O SUS não tem uma estrutura das melhores em muitos locais do Brasil, porém para grande parte da população é o único recurso em saúde. Antes a saúde era só para servidores públicos, ou em Hospitais Benefiscentes.

O mundo mudou muito rápido, e com a evolução do capitalismo os hospitais particulares começaram a crescer. Os planos se tornaram investimentos dos mais rentáveis, e as indústrias farmacêuticas crescem na falta de interesse em pesquisas dos governos, que as alimentam com bilhões.

No Brasil na saúde o privado serve ao público como complementar, ou seja, em serviços não disponíveis no SUS.

As más gestões públicas, e um legislativo ineficiente, nos levou a aprovaçao da PAC dos gastos, com teto dos gastos públicos chegando a saúde e educação.

Enquanto outros setores como hoje vimos no jurídico com aumento que chegará a um rombo de aproximadamente 5 bilhões, e em outros momentos no legislativo e executivo, com aumentos saláriais progressivos.

Na semana passado o governo municipal do Rio de Janeiro, gerido pelo pastor Marcelo Crívela, anunciou um corte de 700 milhões na saúde pública, com fechamentos de serviços de assistência periféricos.

Tornando a centralizar a saúde para custo hospitalar, que é jogar dinheiro fora, já que o grande aporte da saúde pública é promover e previnir, isso é investimento, é o que as clínicas das famílias fazem.

O custo hospitalar serve a outros fins. Que no final é a privatização da saúde pública. É tirar o que não será acessível a muitas pessoas. Enquanto buscamos crescer, ser mais acessíveis, tornamos a perder conquistas de anos e anos.

O dinheiro público serve a quem menos precisa.

O que é diferente de saúde privada, uma coisa é livre mercado, outra é usar o dinheiro público mal gerido, é financiar com dinheiro público empreendimentos privados que posteriormente retorna aos bolsos dos gestores.

É importante lembrar que não estamos falando só em pobreza, estamos falando em miséria. Em gente que não tem dinheiro, não tem casa, não tem comida, e nem tiveram oportunidades na vida, é a realidade social de muitos brasileiros.

E também em pobreza, atendo muita gente, de diferentes classes sociais. É um equívoco acreditar que a medicina do privado é melhor, só é melhor para recursos complexos.

Em termos de profissionais segue o padrão de muitas profissões, tem gente que faz sua função bem e mal no público e também no privado. Afinal a qualidade técnica não depende de dinheiro, depende de estudo e prática.

Até quem entende que o Estado deve ser mínimo, deve entender que mínimo é investir em saúde, educação e acesso. Mínimo é livre mercado, não retirada de direitos básicos a quem não tem, e não terá se não chegarmos.

Quando vemos a miséria de perto, conhecemos suas histórias, vemos o caos social que vivemos, o sofrimento humano no dia a dia, isso muda a gente, é onde vemos a que ponto chega a humanidade, e que na miséria se vê muito mais humanidade do que em muitos lugares, incluindo a política representativa.

Não lutamos por nós, lutamos pelos outros, financeiramente para muitos dos que estão nessa luta não faz diferença. O SUS paga mal a todos os profissionais ainda mais na periferia, muitos trabalhadores trabalham por amor, o dinheiro é consequência, e a maioria se contenta em seus dois, três salários mínimos. Não é o jurídico, executivo ou legislativo.

É uma pena ver e vivenciar os desmantelamento do SUS, dos serviços, já é difícil trabalhar sem recursos que é o normal, mais difícil é trabalhar sem conseguir suprir a demanda, sem dignidade.

Desculpem o desabafo. Entretanto seguimos, sabendo que iremos perder, mas que lutaremos uma boa luta.

Obrigado pela leitura!



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Nenhum serviço de graça jamais irá prestar, essa é a verdade. Porque sendo de graça a procura sempre será maior que a oferta. E a consequência disso sempre é a precariedade do serviço.

É uma opinião. Mas penso diferente, acredito que saúde deve-se ter critérios melhores de avaliação do que o mercado geral. Trabalhei em serviços públicos e particulares. E vi serviços bons e ruins nas duas formas de administração. Nenhum dos dois é de graça, para quem trabalha no SUS não vê o serviço de graça, é um serviço pago por nós também. Promovendo autonomia, e não custos desnecessários como vi muito no particular. É uma linha tênue na saúde trabalhar por dinheiro ou pela ciência e conhecimento, e o mundo do capital não consegue entender isso, pois não trabalha com a mesma ciência e conhecimento. As demandas não são conforme a vontade, são guiadas por projetos terapêuticos decididas por equipes multiprofissionais. São reunidos dados, e faturados. Muitas vezes a saúde do particular é uma saúde a base de marcas, classismo, ganhos secundários e demanda hospitalar, controlado pela glosa dos planos de saúde. Saúde de "graça" pode ser entendido dentro de um contexto melhor no particular do que no SUS.

Quando me referi a serviço de graça, estava querendo dizer que o atendimento não cobra nada do atendido de forma direta, o custo é distribuído via impostos. E isso cria uma situação onde a demanda é sempre maior que a oferta, pois o preço do serviço é justamente o fator que equilibra a demanda com a oferta.

Entendi. E respeito a sua opinião, mas divergi na argumentação. Acho importante argumentar opiniões e discutir um bom debate. Mas novamente trago que é difícil contextualizar a saúde com a oferta x demanda do livre mercado. Imposto é pago desde que os humanos começaram se organizar, gastar mal é ofício dos representantes, não das premissas de um serviço público. Por mais que entenda que os serviços públicos precisem de um choque administrativo e se adequar a tecnologia do nosso tempo. Hoje corre essa ideia que o público não é necessário, um extremos do liberalismo. Prefiro seguir uma ideia liberal social, onde o Estado serve a manutenção dos direitos e libere o mercado. Tem muitos impostos e praticamente nenhum retorno social eficaz, a não ser em uma generalização como por exemplo o SUS. A saúde mental brasileira retirou mais de 40 mil pessoas em condições sub-humano dos conhecidos manicômios, e visa autonomia dos indivíduos. Autonomia se converte em produtividade, que serve ao indivíduo e ao mercado. Infelizmente temos um contexto social histórico que nos coloca onde estamos hoje, tudo tem sua história. O SUS não é contruido nessa premissa, por exemplo a consulta clínica custa 10 reais para União. A demanda é pela emergência, e os serviços descentralizados servem a diminuir essa demanda, a demanda de emergência não é controlável diretamente, mas pode ser indiretamente, já a ambulatorial é diretamente. Claro que é uma construção a partir da constituição e assimilação da saúde como um direito constitucional. Já que entendo que é assim, justifico que para diminuir custo é preciso continuar a descentralização e diminuir custo hospitalar, tanto nos acometimentos agudos, quanto no aumento das morbidade mal tratadas que geram ainda mais custos ao Estado. A premissa é diminuir custo a médio longo prazo, e promover saúde. Países como Canadá, Inglaterra e outros conseguem. Países como EUA tratam saúde como mercado, é uma constituição e entendimento da existência humana diferente. Se adequar às premissas de mercado o mal profissional irá gastar no público e privado. Promover saúde é diminuir demanda, reduzir gastos, e promover valor humano. Quem sabe um dia temos um sistema de saúde com Blockchain e ativos digitais, iria ajudar muita gente.

Eu entendo o seu ponto de vista e respeito ele. Mas acho que se achamos feia ou não gostamos de uma realidade não adianta nada fingir que ela não existe. A saúde é um serviço, e um serviço oneroso, que tem custos. E como tal está sujeita à lei da oferta e procura, assim como todos os outros serviços. Estatizar esse serviço e fazer ele ser financiado por impostos não muda em nada a sua natureza econômica subjacente. Apenas cria um verniz por cima pra tentar esconder aquilo que não queremos ver e encarar de frente.

Exato. São posições doutrinárias diferentes, entendo sua perspectiva, e acho importante, acredito que seja um balanço importante em um social que invariavelmente é atrelado ao econômico em seu funcionamento. E por isso a importância de uma democracia. Obrigado pela discussão.

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Felizmente aqui funciona super bem, somos muito bem atendidos! Cada família tem um médico de cabeceira que nos atende com consulta prévia, e se necessitamos nos envia para um especialista! Aí no Brasil creio que a situação deu uma leve melhorada nos últimos anos, no meu tempo era pior o atendimento pelo SUS, a precariedade era imensa!

Muito bom @kamarguita. É na Espanha né? Tem custo direto ou é indireto pelos impostos? Aqui varia muito de região para região. No Rio estávamos avançando, mas voltaremos a regredir com as políticas de governos atuais. Que bom que aí funciona, o ideal segue essa perspectiva que trouxe. Obrigado pelo comentário.

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