A Onda e o Fascismo

in #pt5 years ago

No filma“A onda” várias questões são abordadas, entre elas como o autoritarismo pode se manifestar em diferentes épocas de diferentes formas. O formato mais conhecido do autoritarismo é o fascismo.

A história ocorre na Alemanha dos dias atuais(2008), o Professor Rainer Wenger ministra a disciplina de autocracia no colégio contra sua vontade, o grande desafio do professor é como ensinar um tema cujos jovens alemães já estão estagnados de ouvir a respeito.

O termo fascista é hoje pejorativo; usado mais para atacar do que para descrever um opositor. Ninguém hoje em dia diz: "Sou um fascista; considero o fascismo um grande sistema econômico e social."

Fascismo é um sistema de governo que opera junto com grandes empresas (as quais são favorecidas economicamente pelo governo), que carteliza o setor privado, planeja centralizadamente a economia subsidiando grandes empresários com boas conexões políticas, exalta o poder estatal como sendo a fonte de toda a ordem e torna o poder executivo o senhor irrestrito da sociedade.

Imagine um país em que o governo não siga nenhuma destas características acima. Isso se tornou tão corriqueiro, tão trivial, que praticamente deixou de ser notado pelas pessoas. Praticamente ninguém conhece este sistema pelo seu verdadeiro nome.

O fascismo diferente do comunismo não possui um aparato teórico abrangente. Não há um teórico famoso e influente como Marx. Mas isso não faz com que ele seja um sistema político, econômico e social menos nítido e real.

O Manifesto Fascista proclamado em 1919 por Alceste De Ambris e Filippo Tommaso Marinetti, em um panfleto, defendia a implantação de um salário mínimo estipulado pelo governo e de uma jornada de trabalho de apenas oito horas diárias (um valor pequeno à época). Defendiam também que os trabalhadores tivessem representantes no alto escalão administrativo das indústrias e que os sindicatos tivessem o mesmo poder decisório que os executivos do setor industrial e os funcionários públicos, um imposto de renda progressivo (alíquotas mais altas para quem ganhasse mais), seguro-invalidez bancado pelo estado, e outros tipos de benefícios sociais, além da redução da idade de aposentadoria, o confisco da propriedade de todas as instituições religiosas, bem como a estatização da indústria de armas. e um pesado imposto progressivo sobre os lucros e os ganhos de capital com o intuito de expropriar uma fatia de toda a riqueza dos capitalistas.

Das características destacáveis do professor Wenger, do filme, são notórias:

A atribuição de uma ideologia a figura de um líder, uma comunicação emotiva e mobilizadora que se valia de interesses comuns dos cidadãos que se viam fortalecidos e incentivados pela existência de uma massa igualitária, existência de elementos visuais que tornava os membros reconhecíveis, a sensação de eliminação de desigualdades. Esta última citada num relato de um aluno no filme, em que ele considera que no momento em que “a onda” esteve em vigor, eliminou-se diferenças como a classe social, a religiosidade ou qualquer outra questão que separasse os indivíduos daquele grupo.

Assim como um parasita suga seu hospedeiro, o fascismo impõe um estado tão enorme, pesado e violento sobre o livre mercado, que o capital e a produtividade da economia são completamente exauridos. O estado fascista é como um vampiro que suga a vida econômica de toda uma nação, causando a morte lenta e dolorosa de uma economia que outrora foi vibrante e dinâmica.

A última vez em que as pessoas realmente se preocuparam com o fascismo foi durante a Segunda Guerra Mundial, após aquela guerra mundial, uma outra guerra começou, esta agora chamada de Guerra Fria, a qual opôs o capitalismo ao comunismo. O socialismo, já nesta época, passou a ser considerado uma forma mais branda e suave de comunismo, tolerável e até mesmo louvável, mas desde que recorresse à democracia.

Enquanto isso, praticamente todo o mundo havia esquecido que existem várias outras cores de socialismo, e que nem todas elas são explicitamente de esquerda. O fascismo é uma dessas cores.

Fascismo vem com Benito Mussolini pós-Primeira Guerra Mundial, vencendo uma eleição democrática em 1922. Ele era membro do Partido Socialista Italiano.

Os adeptos do fascismo encontraram a perfeita justificativa teórica para suas políticas na obra de John Maynard Keynes. Keynes alegava que a instabilidade do capitalismo advinha da liberdade que o sistema garantia ao "espírito animal" dos investidores.

Keynes propôs eliminar esta instabilidade por meio de um controle estatal mais rígido sobre a economia, com o estado controlando os dois lados do mercado de capitais. De um lado, um banco central com o poder de inflacionar a oferta monetária por meio da expansão do crédito iria determinar a oferta de capital para financiamento e estipular seu preço, e, do outro, uma ativa política fiscal e regulatória iria socializar os investimentos deste capital.

No prefácio da edição alemã da Teoria Geral, publicada em 1936, Keynes escreveu: A teoria da produção agregada, pode ser adaptada às condições de um estado totalitário com muito mais facilidade do que a teoria da produção e da distribuição sob um regime de livre concorrência e laissez-faire. (John Maynard Keynes, "Prefácio" da edição alemã de 1936 da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda).

Controle estatal do dinheiro, do crédito, do sistema bancário e dos investimentos é a base exata de uma política fascista
Sob o fascismo, o governo se torna o instrumento de cartelização tanto dos trabalhadores (desde que sindicalizados) quanto dos grandes proprietários de capital. A concorrência entre trabalhadores e entre grandes empresas é tida como algo destrutivo e sem sentido; as elites políticas determinam que os membros destes grupos têm de atuar em conjunto e agir cooperativamente, sempre sob a supervisão do governo.

O fascismo não estatiza a propriedade privada como faz o socialismo. Isto significa que a economia não entra em colapso quase que imediatamente. Tampouco o fascismo impõe a igualdade de renda. Não se fala abertamente sobre a abolição do casamento e da família ou sobre a estatização das crianças. A religião não é proibida. Sob o fascismo, a sociedade como a conhecemos é deixada intacta, embora tudo seja supervisionado por um poderoso aparato estatal. Ao passo que o socialismo tradicional defendia uma perspectiva globalista, o fascismo é explicitamente nacionalista ou regionalista. Ele abraça e exalta a ideia de estado-nação.

O próprio Mussolini explicou seu princípio da seguinte maneira: "Tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado". "Para o Fascismo, o Estado é absoluto; indivíduos e grupos, relativos."

Hoje o cenário é totalmente distinto. É algo cada vez mais amplamente reconhecido que o estatismo não funciona e nem tem como funcionar. O estatismo é e continua sendo a maior mentira do milênio. O estatismo nos dá o exato oposto daquilo que promete. Ele nos promete segurança, prosperidade e paz. E o que ele nos dá é medo, pobreza, conflitos, guerra e morte. Se queremos um futuro, teremos nós mesmos de construí-lo. O estado fascista não pode nos dar nada. Ao contrário, ele pode apenas atrapalhar.

O fascismo não possui nenhuma ideia nova, nenhum projeto grandioso — nem mesmo seus partidários realmente acreditam que podem alcançar os objetivos almejados. O mundo criado pelo setor privado é tão mais útil e benevolente do que qualquer coisa que o estado já tenha feito, que os próprios fascistas se tornaram desmoralizados e cientes de que sua agenda não possui nenhuma base intelectual real.

Como disse Mises: “No longo prazo, até mesmo o mais tirânico dos governos, com toda a sua brutalidade e crueldade, não é páreo para um combate contra ideias. No final, a ideologia que obtiver o apoio da maioria irá prevalecer e retirar o sustento de sob os pés do tirano. E então os vários oprimidos irão se elevar em uma rebelião e destronar seus senhores”.

Abraços.

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"O Manifesto Fascista proclamado em 1919 por Alceste De Ambris e Filippo Tommaso Marinetti, em um panfleto, defendia a implantação de um salário mínimo estipulado pelo governo e de uma jornada de trabalho de apenas oito horas diárias (um valor pequeno à época). Defendiam também que os trabalhadores tivessem representantes no alto escalão administrativo das indústrias e que os sindicatos tivessem o mesmo poder decisório que os executivos do setor industrial e os funcionários públicos, um imposto de renda progressivo (alíquotas mais altas para quem ganhasse mais), seguro-invalidez bancado pelo estado, e outros tipos de benefícios sociais, além da redução da idade de aposentadoria, o confisco da propriedade de todas as instituições religiosas, bem como a estatização da indústria de armas. e um pesado imposto progressivo sobre os lucros e os ganhos de capital com o intuito de expropriar uma fatia de toda a riqueza dos capitalistas."

Isso me parece o que implantou o Getúlio Vargas e os governos pós governos militares, também fortaleceram de forma mascarada.

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