Playback: Você é a "Favor" ou "Contra"?

Normalmente, quando eu escrevo sobre música por aqui, eu sempre colaboro com o projeto "DICIONÁRIO DA MÚSICA" (representado pela tag #ptmusic) apresentando algum novo(a) cantor / cantora ou banda nacional, mas hoje eu vou procurar colaborar falando sobre música de uma forma diferente... Jogando os holofotes em uma prática dentro do mundo fonográfico que sempre me incomodou, me incomoda e acredito que sempre continuará a me incomodar: o playback.

Fonte: Divulgação (Multi Tracks)

Por definição, "playback:"

É um processo de sonorização utilizado em uma gravação que é feita de forma antecipada como base para a interpretação de um cantor ou de um instrumentista (onde o mesmo acompanha uma música pré-gravada, fingindo estar a cantar ou a tocar.

Sendo um dos recursos mais utilizados pelos artistas como desculpa para "poupar a voz" e/ ou "entregar um bom show para os seus fãs" (principalmente para aqueles que costumam, além de "cantar", criar apresentações faraônicas em seus shows... algo que inevitavelmente exige muita movimentação) o playback se tornou uma ferramenta praticamente indispensável para os cantores.

Não se sabe ao certo quem foi o pioneiro dessa prática (muito menos quando ela começou), mas ao longo dos anos, várias bandas e cantores que eram conhecidos por suas vozes e performances enérgicas nos palcos foram desmascarados, revelando-se uma fraude (e motivo de tristeza para os fãs).

Eis um link com uma boa sequência deles (mas, em vídeos separados existem exemplos aos montes):

Porém, isso foi algo que causou mais impacto há décadas atrás (e a coisa repercutiu pesado!), quando tudo isso era uma novidade... Atualmente, um artista que faz o playback (às vezes de forma até descarada), principalmente se for alguém com muito tempo de carreira, é alguém visto apenas como um profissional cauteloso e / ou perfeccionista (bom, isso na minha terra tem outro nome... preguiça!, entre outras palavras: querer ganhar dinheiro apenas com a cara / corpo).

Há outras denominações para o playback (como a "base pré-gravada", que realmente pode funcionar e tem a função de auxiliar em apenas alguns momentos específicos da música, por exemplo: quando o ritmo da canção é rápido ou complicado demais para uma voz ao vivo), mas o "quase consenso' é o de que a maneira de se apresentar ao precisava evoluir, e essa ferramenta foi o artifício que caiu como uma luva para esses profissionais.

Particularmente, eu não gosto da prática (e confesso que até me sentiria "no prejuízo" caso eu fosse fã de um artista que usa e abusa dessa estratégia)... Mas considerando que a grande maioria dos artistas e bandas que eu gosto de ouvir, posso dizer que sou sortudo por poder acompanhar músicos que realmente gostam do que fazem e respeitam os seus fãs.

Quando um show está acontecendo, não há sensação melhor do que ouvir a voz real dos artistas e todas as suas improvisações. Há ali no palco, a forma de expressão livre na harmonia das notas e dos novos arranjos... E dentre vários outros aspectos, é disso que é feito um verdadeiro show.

Não sou contra a modernidade tecnológica do processo na criação de shows grandiosos (eu curto muita música eletrônica, por exemplo: ir no "Tomorrowland" é um dos meus sonhos, inclusive... haha!), mas existem certos tipos de gêneros musicais que quanto mais simples e cru forem as suas apresentações, mais incríveis serão os shows oferecidos pelos seus intérpretes.