Medo

Tenho medo que eu não esteja fazendo a coisa certa,

Ou dizendo a coisa certa,

Ou pensando a coisa certa.

Como se houvesse uma coisa certa a se fazer, dizer ou pensar.

E não apenas os fantasmas

De tradições que há muito morreram.

E foi não para o céu ou para o inferno, mas

Para alguma terceira opção desconhecida,

Um lugar onde coisas não são boas nem más.

Ir para definhar, desaparecer

E se decompor em sujeira,

Para alimentar os besouros e vermes

Como novas folhas começam a crescer para substituir o antigo

Nos galhos bem acima.

Medo.

Medo que meu coração,

O músculo sobrecarregado que mantém os rios fluindo

Dos minúsculos afluentes no topo das orelhas

Para os poderosos canais que fornecem

As coxas,

E lobos do cérebro.

Pode não ser possível ficar muito mais tempo

Pelo menos não nesse ritmo,

Que até o momento trinta anos vieram e se foram.

Trinta anos batendo,

corridas

E pulando batidas.

Ele se recusará a continuar por mais tempo.

E em vez de bombear por mais trinta invernos

E mais trinta nascentes

Vai desistir,

Apreender,

Cessar sua atividade incessante

E descansar contra a minha vontade.

Esperança.

Espero que a tempo.

E pode ser mais tempo do que eu posso esperar

Mas essa não é minha escolha para fazer

Os nós vão afrouxar

O toque vai silenciar

E o fogo,

Aquele que queima na parte de trás da garganta,

Dizendo que está tudo errado,

Como sempre.

De repente,

Sem qualquer aviso em tudo

Seja mergulhado por águas frescas e frias,

Finalmente.

Esperança.

Espero que a batida vá diminuir

A respiração vai estabilizar

E a tempestade que agita

E raivas,

Dia após dia,

Abaixo da superfície,

Mas não tão longe que passa inteiramente despercebida,

Pelo menos não por aqueles que se importam

Para olhar com atenção o suficiente

Vai se dispersar nos ventos

Desta vez, não apenas por um momento

Como o vendaval recupera força

E planeja sua próxima greve

Contra o telhado fraco,

Mas para sempre.

Esperança.

Espero estar livre do medo,

Finalmente.