Triângulo no céu

Você vê um triângulo de astros no céu na imagem acima? Consegue reconhecê-los?

A rigor, numa noite limpa e estrelada, dá para formar inúmeros triângulos imaginários ligando incontáveis trios de estrelas. Mas não é todo dia que temos um triângulo de astros "especiais" e visualmente tão próximos. Dos três, só um é estrela.

A foto mostra o horizonte oeste e foi feita ao cair da tarde de hoje, 15 de julho de 2018, daqui do meu condomínio, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo, Brasil.

A Lua Crescente é barbada! Ela você percebeu de cara, não? E logo acima dela? E um pouco à esquerda? Vê dois pontinhos luminosos? Quem são eles?

Vamos dar um zoom na cena. Melhorou? Note que o ponto acima da Lua é bastante luminoso. O pontinho à esquerda é bem mais apagadinho.

Triângulo de astros

Mais pertinho um pouco...

Triângulo de astros

O ponto brilhante acima da Lua Crescente é o planeta Vênus. Lindo! Um farol!

A Lua Crescente parece estar sorrindo pra nós. Vou dar um zoom neste irresistível sorriso cósmico!

A Lua Crescente em close, praticamente um sorriso cósmico.

E o terceiro pontinho? Este é o mais difícil de todos! Trata-se de Regulus, a estrela alfa da constelação do Leão! Na próxima imagem mostro a Lua Crescente e Regulus com mais zoom.

A Lua Crescente e Regulus, estrela alfa da constelação do Leão.

Você notou que em algumas das minhas imagens a Lua Crescente é só uma "casquinha" iluminada na parte de baixo? Mas noutras dá para ver o relevo lunar onde deveria ser escuridão total?

Para entender direito o que estou dizendo, confira abaixo uma montagem que fiz mostrando à esquerda a Lua Crescente "casquinha", o que é esperado, e à direita, além da casquinha, uma imagem tênue onde podemos ver o relevo lunar. Não é estranho?

Só uma "casquinha" de Lua à esquerda, mas "casquinha" e tênue relevo lunar à direita.

As duas imagens acima, pode acreditar, registram a mesma fase lunar e foram feitas com uma diferença de apenas alguns segundos. Só que mudei o tempo de exposição da câmera deixando-o pequeno no registro da esquerda e mais longo no registro da direita. Em outras palavras, no registro da esquerda o sensor da câmera capturou menos fótons (a rigor, menos luz) enquanto na imagem da direita o sensor capturou mais fótons (ou mais luz). Por isso no registro da esquerda a "casquinha" está mais apagada enquanto o resto do disco lunar é negro. Na imagem da direita, diferentemente, a "casquinha" lunar está bem brilhante e superexposta.

Pense comigo:

1. Faria todo o sentido vermos (e fotografarmos) apenas uma "casquinha" da Lua iluminada por baixo porque o Sol acabou de se esconder. Como ele é a fonte de luz principal da cena, ilumina a esfera da Lua apenas por baixo. Concorda? Desta forma, mesmo aumentando o tempo de exposição e capturando mais luz, não deveria sair nada na imagem registrada além da "casquinha" pois ali onde o Sol não "bate" diretamente deveria ser escuridão total!
2. Mas, se na imagem da direita há registro do relevo lunar além da "casquinha", então está chegando luz noutras partes da Lua onde, em princípio, não deveria chegar luz.

Adianto para você que não é luz solar direta que ilumina a Lua além da "casquinha". Mas há luz chegando em todo o disco lunar pois, como já disse e reitero, se não houvesse, eu não conseguiria fotografar nada além da "casquinha". Concorda?

Adoro este fenômeno! Uma sutileza incrível! Você o conhece? Sabe o seu nome? Saberia me dizer de onde vem a luz que me permitiu registrar uma imagem da Lua por inteiro e além da "casquinha"?

Suspense! Deixo a resposta para o próximo post. Mas, se você souber que fenômeno é esse, deixe um comentário. Até breve!

Abraço astronômico do prof. Dulcidio. E Física e Astronomia na veia!