#BOX DE SÉRIES# - "Nip/Tuck" | "Estética" (2003-2010)
Atualmente, um dos nomes mais requisitados - e inovadores - dentro da indústria do entretenimento voltado para a TV (relacionado a criação de séries) é o de Ryan Murphy. Autor de séries como American Horror Story e Glee (os seus sucessos mais recentes), ele já despontava como um grande talento lá em 2003, quando criou Nip/Tuck, uma série que fala sobre o mundo da beleza plastificada, da busca pelo superficial (que na maioria das vezes era algo em prol da satisfação do próprio ego).
McNamara / Troy é um centro de cirurgia plástica localizado no sul da Flórida onde trabalham os badalados cirurgiões Sean McNamara e Christian Troy. Com status de pop entre os seus pacientes, eles são o principal nome dos processos estéticos da cidade e ambicionam cada vez mais... Para eles o céu é o limite, mas a busca por essa realização está comprometendo diretamente as suas vidas pessoais e os colocando em uma situação complicada, onde o principal dilema é escolher entre a tão sonhada ambição profissional e a vida em família ou em sociedade.
Enquanto McNamara tenta constantemente contornar os problemas que tem em casa, ele se esforça ao máximo para manter a família unida e ter um casamento feliz com sua esposa Julia. Troy é o oposto do amigo, sem querer qualquer vínculo mais sério em termos de relacionamento, a sua prioridade é ser o mais influente possível nas altas rodas da sociedade e com isso, tentar conseguir cada vez mais clientes.
A dualidade com relação aos perfis dos protagonistas é um dos pontos mais fortes da série, pois a maneira como elas divergem, estabelece o ponto de eixo que a trama precisa para se manter sempre em constante renovação. McNamara é mais sério e mais comprometido com seu trabalho e sempre tenta ver o lado mais "médico" da situação, enquanto Troy não se importa com os possíveis motivos para que uma cirurgia seja feita, desde que, é claro... Os clientes paguem muito bem pelo trabalho dele.
De forma inconsequente Troy comete vários erros - desde pequenas falhas a situações mais sérias - que acabam tendo que ser consertados por McNamara, inflamando assim, de uma forma mais incisiva a complexa relação de sociedade que eles tem com o maior sonho que lhes é algo em comum: a clínica (que obviamente não pode ter a imagem prejudicada pela mídia em hipótese alguma, pois o centro é visto como um local de referência para qualquer procedimento envolvendo a estética).
Esses entraves que os amigos acabam tendo nos episódios são um grande combustível do roteiro para seguir apresentando acontecimentos cada vez mais complexos e desafiadores, bem como servem para desenvolver de uma forma mais aprofundada as história de cada um deles e as respectivas histórias dos personagens coadjuvantes, que em sua grande maioria sempre apresentam dilemas muito interessantes que são postos em cima da mesa, onde muitas vezes não há distinção entre moral e ética (aliás, esse contraste é algo que pode ser constatado com frequência durante a trajetória da série)... Há apenas uma corrida desenfreada - e muitas vezes tortuosa - pelo sombrio mundo das cirurgias plásticas, onde habitam os mais diversos tipos de segredos perigosos.
Julian McMahon e Dylan Walsh lideram um elenco com atuações bem dinâmicas e convincentes, bastante condizente com a seriedade que a série precisa para se manter crível aos olhos do público. Há um sintonia no trabalho deles que faz com que o espectador compre a história sem precisar ter que assistir vários episódios, e dentro desse aspecto, é preciso ressaltar que o trabalho dos diretores (ao longo de 6 temporadas e 100 episódios) é um fator determinante porque a "precisão cirúrgica" deles em extrair o que é preciso dos atores para moldar as histórias (bem como a condução delas) é notória.
A produção da série é um aspecto a parte, porque além de ser um projeto muito bem produzido e bem acima da média (principalmente para os padrões encontrados especificamente em séries de TV... com destaque para a parte fotográfica e os truques nos efeitos visuais), há uma preocupação em retratar a parte "superficial" por um olhar muitas vezes humanizado, oferendo a quem estiver assistindo uma nova ótica sobre esse mundo ainda tão cheio de mistérios e futilidade.
Mas afinal, quem decide o que é estética e o que não é além de você mesmo? E... Será que realmente vale tudo para chegar ao topo? Talvez essas sejam as duas perguntam que servem como o legado mais considerável em Nip/Tuck, e certamente são questionamentos que irão perdurar ainda por incontáveis anos.
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