Na era da informação, o que é inteligência?

in #busy5 years ago


Inteligência não é só a capacidade de absorver informações, é também a capacidade de descartá-las.

Estamos na era da informação, mas não aprendemos a lidar com ela. A informação circula com uma velocidade exponencialmente maior do que há cem anos atrás, mas a nossa capacidade de analisar as informações que recebemos e construir conhecimento a partir dessa análise, além de não acompanhar esse processo, parece definhar diante dele.

Quando as informações nos chegavam nas ruas, pelos parentes, amigos e vizinhos, na mesa de bar, do restaurante ou da feira, costumávamos duvidar, questionar e procurar as fontes daquilo que estava sendo dito. Mas não aprendemos a contestar a veracidade das informações que são transmitidas através da tela do computador ou do celular. Parece que ainda somos deslumbrados com essas tecnologias a ponto de achar que tudo que vem através delas tenha passado antes por algum "controle de veracidade" - caso contrário não rodaria toda a rede sem ser desmascarado. Entretanto, como diz aquela famosa frase de Joseph Goebbels, que foi ministro da Propaganda de Adolf Hitler na Alemanha Nazistaa: "Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade“.

A informação nos chega através das redes e seguimos preenchendo nossas mentes de todo tipo de ideias e conceitos prontos. Cotidianamente, vivemos cegamente seguindo esse padrão: deixamos de filtrar o que chega até nós e passamos a repetir as coisas que ouvimos e as coisas que lemos em algum lugar como se fossem verdades... Compartilhamos muito mais do que postamos e, quando postamos, estamos apenas reproduzindo ideias prontas. Passamos a imitar cegamente hábitos e conceitos que não são nossos e, até mesmo, brigar por eles. Diante de qualquer divergência de informações, passamos a simplesmente adotar um lado e atacar o outro, sem debates, sem análises mais aprofundadas, sem conversa. Parece que se tornou comum primeiro as pessoas escolherem um lado e só então passar a buscar todos os argumentos prontos necessários para defendê-lo. E, dessa forma, seguimos transformando o nosso intelecto e as nossas emoções em cestos de lixo...

Seguimos incorporando padrões de fora pra dentro sem nem mesmo refletir sobre o que estamos interiorizando. Deixamos de filtrar o que recebemos, principalmente intelectualmente; mas frequentemente também fazemos isso em nossos mundos emocionais. Reagimos o tempo todo, emocionalmente, aos estímulos externos. Não somos perfeitamente capazes de nos separar das influências externas e de filtrar o que é interessante para nós.

Passamos a falar muito mais do que a ouvir. Passamos a receber e sair distribuindo informações cegamente. Estamos na era da informação, mas ainda interagimos com ela de forma imatura. Informação sem pensamento crítico, sem critérios, sem discernimento, é desinformação. Ao invés de libertar, aprisiona e manipula. Ao invés de torná-lo mais inteligente, te torna um mero repassador de dados... que são, em grande parte, inúteis ou FALSOS.

Inteligência não é capacidade de receber informações e então transmiti-las. Inteligência é, antes de mais nada, a capacidade de submeter as informações que recebemos ao filtro do nosso próprio discernimento. Sendo assim, o que te torna inteligente não é a sua capacidade de receber informações, é a sua capacidade de digeri-las, de pensar com a própria cabeça, de não precisar dar ouvidos ao senso comum...

Inteligência é, antes de mais nada, a capacidade de saber exatamente O QUE ASSIMILAR COMO VERDADE, O QUE TRANSMITIR E O QUE DESCARTAR. Temos o poder de espalhar as nossas ideias a um grande número de pessoas e entrar em contato direto com as ideias de muitas outras e esse momento em que vivemos nos demanda mais discernimento, mais cuidado ao transmitir informações e, acima de tudo, maior MATURIDADE, inclusive emocional, para lidar com elas.

As pessoas seguem compartilhando informações e pensamentos de outrem e os pensamentos que mais ganham público são pautados em ideias extremistas. A era da informação tornou-se, assim, a era da dicotomia de ideias e a era das verdades extremas e absolutas- que circulam nas redes através de compartilhamentos e chegam até mesmo ao nosso cotidiano nas ruas e às conversas de bares. As pessoas são capazes de brigar por essas "verdades" como se fossem suas. Mas essas "verdades", pelas quais elas tanto brigam, nem mesmo nasceram delas.

A era da informação deveria ser a era do pensamento crítico, a era em que cada informação nova e cada acontecimento deveria ser visto a partir de muito mais nuances, pois estaria embasado em análises muito mais aprofundadas, fundamentadas em um número muito maior de variáveis. Mas não... As pessoas desistiram de pensar, desistiram de analisar, desistiram de construir conhecimento e desistiram de perceber as nuances da realidade. A verdade, a verdade verdadeira, nunca abarca apenas um ou dois lados, ela é repleta de nuances. Já essas "verdades" absolutas que circulam nas redes, em geral, "tem apenas dois lados: o lado que eu escolhi e o outro lado, que é o inimigo a ser combatido.

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Na minha concepção, a inteligência nada mais é que a capacidade de conectar informações e dados trazendo um resultado que pode modificar a atual situação no mundo real para melhor. Em outras palavras, é a capacidade de raciocínio no sentido de buscar resolver problemas complexos de qualquer natureza.

Na minha concepção, a inteligência nada mais é que a capacidade de conectar informações e dados trazendo um resultado que pode modificar a atual situação no mundo real para melhor. Em outras palavras, é a capacidade de raciocínio no sentido de buscar resolver problemas complexos de qualquer natureza.

Bela reflexão. Já não é a primeira vez que vejo essa preocupação espelhada por aqui. Nunca é demais reflectir sobre as virtudes(?) da superabundãncia de informação através dos media e das plataformas electrónicas.
Todos devemos fazer um esforço consciente para melhorar a nossa filtragem de conteúdos, validar as fontes e, o mais importante, analisar de forma crítica a informação, cruzá-la multi-disciplinarmente e então conceber opinião própria.
Mas dá trabalho e gasta tempo... a maioria não está disposta a abdicar do perfil de "web autodidata" acrítico por causa disso.
Enfim, fica o abrir de olhos, que tem enorme utilidade.
Obrigada por contribuir para mais uma discussão sobre o assunto.
dei 4*s

:D

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