Crônicas de Andrômeda

in #introduceyourself6 years ago

12 de junho de 2133.
Há quase 50 anos, depois da grande guerra nuclear de 2081, o planeta terra ficou inabitável, e com tecnologia já avançada, alguma das nações mais bem preparadas já haviam frotas de naves espaciais autossustentáveis, isso fez uma pequena minoria de seres humanos privilegiados conseguirem sair no planeta, antes dele sucumbir à radiação.

Depois da grande guerra, perdemos contato com toda a comunicação terrestre. Parece que até os circuitos dos aparelhos eletrônicos que tínhamos lá foi tudo destruído, nem câmeras, nem áudios, nem dinheiro. Devido ao excesso de radiação na superfície do planeta, era impossível vida inteligente ter sobrevivido.

Devido a essas circunstâncias, e como a nave conseguia absorver energia de estrelas, fazia ela ter quase energia infinita, simular estações do ano para plantio, havia também tinha um pouco de gado para conseguirmos clonar e alimentar todos os passageiros.

De todos os 15 bilhões de pessoas que habitavam o planeta, cerca de um milhão de pessoas entre homens mulheres e crianças que conseguiram embarcar na nave antes do fim. A grande maioria eram empresários de sucesso, cientistas famosos, pessoas com muitas posses, mecânicos que foram responsáveis pela construção da nave. Muitas mentes brilhantes acabaram ficando pra trás.

Devido a isso, já fazem mais de 50 anos que eu lembro de ter embarcado nessa nave, ainda temos bastante tecnologia, mas a grande maioria do conhecimento ficou na terra.

Como demoraria séculos para a radiação chegar a um nível não nocivo para humanos e conseguirmos desembarcar no planeta terra com segurança novamente. O comando da nave após perder a comunicação com o planeta, decidiu então fazer uma reunião para encontrar as melhores soluções com os passageiros. E acabaram chegando a conclusão que ficar perto da terra era um desperdício com uma tecnologia que nos permitiria sair do sistema solar pela primeira vez.
Então foi decidido, a nave colocada na rota para sair do sistema solar, e explorar o universo que até o momento só era explorado da Terra por telescópios e quem sabe encontrar vida inteligente.

Eu vim para a nave Andrômeda com 6 anos, lembro de pouca coisa da guerra e da terra, além de muito barulho, brilhos intensos, e gritos. Depois de um tempo a maioria das lembranças da terra só eram possíveis com ajuda de fotografias ou vídeos, eu quando as observava sempre sentia que eram realidades impossíveis de conseguir em vida, mas sempre acreditei que um dia Andrômeda voltará ao planeta de origem humana.

A minha sorte é que eu não tinha muitas lembranças da terra, lembro que eu via bem pouco os meus pais, eles sempre eram muito ocupados, e acabei sendo criado pelos empregados da casa. Depois de embarcar em Andrômeda eles ficaram muito mais presentes, me ensinaram grande parte dos meus conhecimentos, como escrita, matemática, música, e até alguns idiomas que provavelmente morreram na grande guerra.

A nave estava sempre em movimento, e os barulhos dela funcionando já faziam parte do cotidiano de todos os passageiros. Já era praticamente ignorado.

O estilo de vida das pessoas foram se adaptando a essa nave. O excesso de tecnologia fazia todos terem uma vida bem confortável, algumas regras foram mantidas desde o primeiro dia, toque de recolher de noite, e limite de energia mensal por residência, se gastou tudo, fica sem energia até a virada do mês.

Por incrível que pareça, a água não era racionada, pois a nossa tecnologia de filtragem conseguia até mesmo filtrar a água da urina, mais de 99% da água sempre era reaproveitada e mesmo assim, água é uma substância encontrada em abundância no espaço, tive a oportunidade de ver planetas inteiros de água, era relativamente fácil abastecer desse mineral.

E quanto mais distante das estrelas, a energia começava a ser racionada entre a estufa de alimentos, e o deslocamento da nave, e consequentemente menos energia tínhamos para as famílias, prolongando as noites, situação que os passageiros apelidaram de inverno eterno, pois além de inevitavelmente acabar deixando a nave bem mais fria para os passageiros, sempre durou alguns anos.

Também acabamos criando alguns tipos de entretenimento como brincar na gravidade zero, e até mesmo sair da nave com trajes especiais para contemplar as paisagens que só o nosso universo poderia ter.

Dentro dos limites, a nave simulava tudo, dia, noite, estações do ano, principalmente se tratando da área de plantação.
Sim, também pousávamos em alguns planetas e luas que não tivessem a atmosfera hostil, para coleta de dados, e um mapeamento um pouco mais específico da via láctea.

A população se adaptou, o conceito de dinheiro foi se perdendo com o tempo. Os cientistas acabaram indo para a vida acadêmica, ensinar as novas gerações tudo que eles podiam, e acredite, eles faziam isso com a maior satisfação do mundo. Pelo simples fato que não havia muito mais opção, e chegaram a conclusão que o conhecimento deles não podia ser somente registrado, ele teria que ser ensinado para as novas gerações da nave.

O conceito de hierarquia era diferente, sempre havia uma espécie de eleição para capitão, ele tomava as decisões de onde pousar, rotas a seguir, e abastecer mesmo não havendo um tempo mínimo ou máximo de permanência no cargo muitos desistiam dessa posição depois de alguns anos, deixando a vaga em aberto para uma nova eleição.

Eu também tenho mais lembranças ter visto armas na época da grande guerra, do que em Andrômeda, era absurdamente raro ver algum pacificador resolver algo utilizando armas.

Eles eram muito rápidos, e sempre que eu presenciei eles em ação, era resolvido com alguns tapas absurdamente rápidos.

Como eu cresci aqui, e sempre gostei de histórias de pessoas que viveram na antiga Terra quando ainda era habitável. E isso sempre me deixou uma chama acesa de conseguir voltar pra lá, só pra ver os animais incríveis que eles diziam existir, as paisagens únicas que só a Terra tinha. Então acabei me especializando em história, mas como era uma área com a maioria do conteúdo era relatos de pessoas que viveram aquela época, e especificamente do meu antigo país, o Brasil. Nos relatos deles sempre parecia que o Brasil era o maior paraíso natural que a Terra possuía. E eu ninguém nunca conseguiu me explicar o real motivo da Grande Guerra.

Sempre tive a distante vontade de voltar à Terra mesmo sabendo que era um desejo que nunca ia se realizar.
Até que um dia quase 50 anos vagando pela via láctea sozinhos, recebemos uma notícia que foi anunciada em todos os auto falantes da nave. Deixando muitos apreensivos, outros empolgados.

-Senhoras e senhores captamos um sinal de rádio tentando comunicação conosco!
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CONTINUA...

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