QUE É SER UMA MULHER VALENTE?

in #portugues7 years ago

A falsa segurança

É verdadeiro que o ser humano encontra segurança nas rotinas. Que entre dois a vida é mais fácil, sobretudo economicamente falando. Que nos hipotecamos, literal e metafóricamente falando, convertendo assim a relação em um contrato com uma claúsula de rescisão mais abusiva que a do pior banco.
Entendo que o medo a fazer dano ao outro, aos filhos, à família, ao meio, sobrevoa constantemente sobre as nossas cabeças nos lembrando se vale a pena. Sei-o, vivi-o.

E o verdadeiro é que ninguém tem a resposta a essa incógnita. Ninguém, salvo um mesmo, sabe se vale a pena o salto, a rutura, o caos de desmoronar a tua vida para a voltar a levantar desde zero, ou desde menos zero em alguns casos.
O único claro é que viver, ou melhor dito, deixar de viver por medo às consequências não desejadas, também nos priva da oportunidade de tentar ser feliz. Ao menos mais feliz do que vivem dentro de um muro sonhando em como seria viver fora dele.

Não estou a animar com isto a que nos divorciemos em massa, qualquer que passou por um processo assim sabe que nunca é fácil, que há muita dor, muita tristeza, frustração, culpa, sensação de fracasso, de deslealtad, de vergonha inclusive.

Mas a alternativa é pior. Porque todas essas emoções ao final não são ?negativas? como nos ensinam, são parte da vida.
É são sentir sensação de fracasso quando puseste tanto da tua parte em um projeto que não culmina, O contrário seria um insulto a essa relação e a esses anos partilhados.
É normal sentir culpa por influir na vida de outro(s) sem o seu consentimento, o contrário seria uma irresponsabilidad ou uma falta total de empatia.

É normal sentir tristeza ao ver tristes a pessoas importantes da tua vida, o contrário seria não lhes ter amado nunca.
É normal propor-se e repensar-se se vale a pena aguentar essa onda destructiva que está a arrasar a vida da tua família, o contrário seria não ter maturidade para enfrentar as consequências dos atos próprios.
Mas todo isso tão duro de viver encontra ao final a sua razão de ser. Ao final, após enfadar-nos/enfadá-nos, de chorar, de renegar, de odiar inclusive, dos reproches e os desprezos, quando todos aprendemos aos reposicionar nos nossos novos locais, mais desconhecidos possivelmente, mas mais verdadeiros? Ao final encontramo-nos de pé onde elegemos estar.

Não sempre será como pensamos que seria, não será sempre fácil nem cómodo o caminho. Quiçá sofremos mais na mudança que tendo permanecido imóveis. Seguramente experimentarei a Solidão em maiúsculas. Pode que ainda doa olhar algumas das secuelas da nossa decisão em nós ou nos demais. Mas depois de todo isso e apesar disso, toca reconhecer na pessoa que somos para valer.

Idealizamos o amor e os compromissos e idealizamos também nos livrar deles. Viver em carne própria todo este processo pode ser a oportunidade de aprender a distinguir o amor da necessidade ou do medo a estar sós. Pode que tenhamos que experimentar quanta força se precisa para não vender a nossa alma por um abraço.
Pode que descubramos que há muitas mais mulheres valentes das que achamos. Com lutas bem mais difíceis e muito menos reconhecidas. Heroicidades silenciosas e solitárias. Ações aparentemente nimias que passam desapercibidas entre tanta batalha quotidiana.

A vida permitiu-me conhecer a este tipo de mulheres valentes para valer. As que se enfrentam a situações que não estão cem por cem na sua mão mudar e apesar disso, lutam e não se rendem.
piedrasHace falta muita força quando a vida te põe de frente um Goliat e tu ainda estás a tentar encontrar as pedras para a tua funda. Há que ser muito valente para livrar todas as batalhas que livramos todas e além disso, lutar contra um inimigo oculto dentro de ti, esperando te devorar.
Há que ser para valer valente para vencer ao desánimo, à dor e impedir que te consuma a justa raiva de sofrer algo tão cruel como injusto.

Eu conheço a mulheres deste tipo e a cada dia me pergunto de onde sacam a sua força.
Imagino que, ao final, como todas as pessoas valentes, seja qual seja a luta à que se enfrentam, vencem ao medo com a única arma possível.
Uma arma que adota diferentes formas segundo se vai precisando: coragem, esperança, determinação, otimismo.
Diferentes formas que o AMOR adota para cumprir o seu objetivo: vencer.

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muto bom o post

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