Em 2013, um aumento de 20 centavos no preço da passagem de ônibus em São Paulo iniciou uma das maiores manifestações do país, que se estendeu por todos os estados e levou milhões de brasileiros às ruas.

Foto: Manifestações de junho de 2013

Em 2018, uma manifestação com motivação semelhante paralisou o Brasil por mais de uma semana, o que estes eventos tem em comum?

Espontaneidade

Geralmente, os protestos são planejados e organizados com bastante antecedência e com uma pauta clara de reivindicações. De certa forma, o brasileiro já está acostumado com governos corruptos, desperdício de dinheiro público e descaso. Mas chega um momento que até o mais paciente dos cidadãos se revolta.

O aumento do preço das passagens, em 2013, e o dos combustíveis, em 2018, pode ser definido como a gota d’água que transbordou o copo ou ainda como a faísca que detonou uma explosão.

Ambos pegaram o governo de surpresa que, não sabendo como agir, não se preparou para o caos que viria a seguir.

Imprevisibilidade

Não apenas o governo foi pego de surpresa, a população também e até mesmo os próprios manifestantes, que não imaginavam a proporção que os protestos tomariam. A princípio, todo apoio é bem-vindo, mas conforme o movimento vai ganhando força acaba saindo de controle e ninguém sabe onde vai parar.

Descentralização

O primeiro objetivo de chamar a atenção foi alcançado e as manifestações ganharam apoio popular. Sem saída, o governo é obrigado a negociar, mas quem são os representantes do movimento? Os manifestantes foram reunidos através das redes sociais e a única coisa em comum é a insatisfação, faltam representantes para negociar e chegar a um acordo.

Oportunismo

Aproveitando o momento, muitos movimentos aproveitam a instabilidade para imporem suas pautas também. Tanto em 2013 como em 2018, manifestantes de ideologias opostas entraram em confronto na tentativa de politizar os protestos.

Esperança

O fim da corrupção, redução de impostos, reforma política, investimentos em saúde, educação e segurança são temas recorrentes, mas não há uma solução mágica que resolva todos os problemas do país, faltam propostas.

Desorganizadas, ambas as manifestações perderam força e pouca coisa mudou. Interessante notar que aconteceram próximas a eleições, mas o desconhecimento político condena o povo brasileiro a manter os mesmos governantes.

Eu participei das manifestações de 2013 e apoio a mobilização dos caminhoneiros em 2018, mas será necessário muito mais do que isso para mudar o país, é preciso consciência política e participação para decidir quem realmente nos representa.