Um dos maiores desafios que encontro ao fotografar na rua ou buscar uma "imagem de impacto" quando estou fazendo uma pauta de fotojornalismo é me manter o mais "invisível" possível no meio da multidão.

Essa minha quase obsessão por querer me manter "invisível" na rua enquanto fotografo é devido a vários motivos. É fato que a câmera fotográfica intimida as pessoas. As pessoas olham desconfiadas, tem medo e são bastante rudes até quando vê um homem como eu que anda devagar na rua com uma câmera fotográfica na mão fotografando sabe "Deus sabe lá o quê" pela rua.

Já perdi as contas de quantas vezes eu fui quase agredido por estar simplesmente fotografando na rua. Um dia desses, eu estava descendo uma avenida aqui do Recife e um vendedor de rua chegou até mim e disse: "Olha, guarda essa câmera aí, vai fotografar nada aqui, entendeu? Guarda isso!". Eu não tenho medo dessas intimidações, sei me defender e se ele me agredisse, o revez era certo, mas para evitar problema, eu saio daquele lugar e vou para outro.

O fato é que hoje principalmente com a adesão das redes sociais e a forma como muitas pessoas maldosas utilizam fotos de outras pessoas para fazerem piadas ou "memes", sem a permissão delas, fotografar se tornou uma atividade de risco. Infelizmente, nós fotógrafos de rua e de imprensa pagamos a conta pelo erro, falta de sensibilidade e responsabilidade dos outros.

Por isso que hoje busco fotografar na rua da forma mais discreta possível. Já citei inclusive aqui em meu blog algumas das minhas técnicas que mais parecem "paranoia", mas não são. Essas "paranoias" me garantem registros memoráveis e também servem para me proteger na rua.

Algumas delas é que fotografo na rua com roupas escuras (preta). Isso permite com que eu passe "despercebido" na multidão. Ando rápido, paro somente quando necessário e a minha câmera fica sempre nas mãos, o meu dedo sempre no obturador da câmera pronto para o click.

Quando lembro em descrição ao fotografar na rua, lembro de Erich Salomon. Eric Salomon foi o pioneiro do fotojornalismo moderno e, ao mesmo tempo que ele era conhecido como o "rei da indiscrição", por causa de seus registros de pessoas ou personalidades públicas como políticos em momentos inusitados (fotografia cândida), ele era silencioso, rápido e bastante discreto.

Tem uma história interessante que Salomon colocava a sua câmera dentro do seu chapéu. O chapéu tinha um pequeno orifício onde cabia perfeitamente a lente da sua câmera. Assim, ele pôde fotografar sem ser visto, notado, observado ou até agredido. Salomon também foi conhecido ou chamado de: "O fotógrafo invisível".

Tem uma frase dele muito interessante sobre essa forma do fotografo atuar quase como um caçador em busca do seu "momento decisivo" gostaria de citar aqui:

"Tal como o caçador está obcecado pela sua paixão de caçar, também o fotografo está obcecado pela fotografia única que quer obter."

(Eric Salomon)

Irei seguir a minha "caça" nas ruas da cidade. Cada vez mais discreto no atuar, indiscreto no registro e invisível aos olhos do público.

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Foto: ©️ Jammerson Santana

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