Choques culturais. Sim eles existem.

in #pt6 years ago

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Quando saio do Brasil e vou para algum país sempre me deparo com uma ou outra diferença cultural.
Na verdade, é essa diferença cultura que vou em busca. Gosto de depara com esse tipo de situação. Porque acredito que com isso se aprende muita coisa.

Quando viajamos por aqui pela nossa América Latina, muitos acreditam que é tudo a mesma coisa. Que a única diferença é a língua portuguesa para a língua hispânica. Acreditar que "é tudo a mesma coisa" é um erro. Acredite isso não é verdade. Somos muitos diferentes, nossas culturas são diferentes.

Só para abrir um parênteses aqui...
Sempre que se faz referência ao Brasil para os estrangeiros vem a memória deles, elementos fortes da cultura africana: O samba, a feijoada (ouvi-los falando "feeijouada" é muito engraçado), o carnaval. Agora veja que estranho... O Brasil tem 52% de sua população que se autodeclara negra. No entanto, quando falamos de classes sociais representativas a recepcionar pessoas que vem de fora do país ou mesmo os representantes do país. Esse número não se figura. O que posso dizer que se trata de uma confiscação da cultura negra, onde o negro como elemento social tem seu espaço negado e sua cultura sequestrada. Convido a você brasileiro a pensar a respeito desse assunto. Não é o tema que quero abordar aqui...
Como disse foi um parênteses que acredito ficou bem colocado aqui por se trata de cultura.

Voltando ao tema

Se saindo para uma viagem de turismo ou mesmo de trabalho onde normalmente fico no mínimo uma semana e raríssimas vezes fico duas semanas, até porque viajar tem custos. Custos pessoais, quando se trata de turismo. Custos para a empresa, quando se trata de trabalho. Em nesse curto espaço de tempo, minha percepção dessas diferenças culturais: Eu diria que chega a ser bem superficiais. Não acredito que em um tempo tão curto seja possível ver níveis de diferenças culturas que só seriam possíveis ficando mais tempo no lugar, ou se possível, morando por um tempo no lugar para perceber diferenças de relacionamentos, comportamentais, etc. A verdade é que muitas vezes nossa percepção quanto a cultura de algum lugar é muito distorcidas e só damos conta quando estamos lá.

Vejamos um caso de diferença cultural que me chamou atenção e foi narrado por meu filho que mora na Alemanha. Poderia contar outros de amigos que foram morar em Lisboa, Porto, Madrid, Valencia, New Zeland, Austrália e por aí vai. Essa coisa de ficar vel... ganhar idade. Permite que você veja seus amigos partindo do país, seus filhos... E de tudo isso, o bom é que você percebe que se tornou um cidadão do mundo com tantos lugares para ir e visitar amigos... e parentes.

Contou ele:

Estava na estação de metrô, voltando para casa, depois da dança.
O metrô parou na estação. Passado o tempo de parada, sinalizou que fecharia as portas.
Do lado de fora, um cidadão correu para entrar no metrô.
Um indivíduo que estava ao lado do cidadão que corrida para dentro do vagão, segurou a alça de sua bolsa.
Uma pessoa que estava dentro do metrô percebeu o que estava acontecendo.
Puxou o cidadão que queria entrar e a bolsa junto.
Outra pessoa que estava do lado de fora, percebendo o movimento e a intensão indivíduo que estava tentando tirar a bolsa.
Deu uma gravata (golpe que prende a pessoa pelo pescoço) no indivíduo que tentou levar a bolsa e o coloca no chão.
O condutor do metrô ao perceber o movimento deixa o metro parado na estação.
A pessoa mantém o indivíduo imobilizado até que a polícia chega e o leva.
E tudo voltou ao normal.

O que ficou de lição aqui: O senso de coletivo na Alemanha é extremamente forte. O cidadão Alemão se mobiliza ao perceber que algo está saindo fora da regra, que tem alguém tentando violar o jogo da convivência pacífica. Ele um brasileiro ficou espantadíssimo com o que aconteceu.
O que pensei a respeito e comentei: Por isso que Alemão morre quando vem ao Brasil. Ele tenta seguir o mesmo senso de coletivismo que faz parte de sua cultura e que no Brasil é completamente diferente. Acaba ficando sozinho a mercê do bandido que saca a arma e atira nele e o mata. Perceber os choques culturais?! Complicadíssimo.

Fechando com outros parentes...

Sinceramente: Não somos assim tão bonzinhos como acreditam que sejamos, nos brasileiros somos de fato individualistas. Você pode não concordar. Mas se analisar o cenário político atual, vais perceber que ninguém, nenhum grupo quer ceder para o bem comum, cada um quer resolver o seu problema. Seja coxinha, seja "pão com mortadela"... Cada um quer ver seu lado. O país, o futuro do país é outro assunto.


SteemIt!

Pense a respeito...


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A verdade é que o brasileiro é um povo com baixa autoestima, e que por isso não se orgulha da sua sociedade, do seu povo e da sua cultura. E isso se reflete mais nitidamente nessas horas, onde cada um só pensa em si e "o resto que se exploda". O único senso coletivo que o brasileiro tem mesmo é o familiar. Realmente o brasileiro é bem família nesse aspecto, do tipo "mexeu com um mexeu com todos". Mas fora isso, é cada um por si. Que o diga os políticos e suas roubalheiras.

Great post!
Thanks for tasting the eden!

Parabéns, seu post foi selecionado para o BraZine! Obrigado pela sua contribuição!
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Sobre o senso coletivo do brasileiro lembro de uma crônica do Mathew Shirts, americano residente no Brasil, onde ele fala sobre a organização das escolas de samba e soltar balão. Ele se assustou com a sincronia e o rigor da divisão do trabalho, regras, hierarquias, voluntarismo, pontualidade e divisão das despesas, coisas que nunca tinha visto trabalhando com brasileiros. A conclusão era que estas atividades eram consideradas diversão, não tinham propriedade ou alguém que personificasse ou levasse a fama sobre o resultado final, enfim, algumas características que poderiam ser herança tribal ou de povos escravizados. Mais uma vez entra as diferentes visões de mundo que alguns sociólogos resumem na dicotomia casa grande e senzala. Valeu! Sucesso e boa sorte mais uma vez!!

Casa Grande e Senzala definido aqui pelos sociólogos como a divisão da sociedade entre brancos, simbolizados pelo Casa Grande. E os negros, aqui colocados nas Senzalas. Vejo nesse contexto a linha racional aplicada a esse modelo que você comenta. O africano "se vendeu" como escravos devido as brigas entre tribos, onde os vencedores, sem ter consciência do que estavam fazendo, ou sem ter consciência dos resultados que isso traria, visto que a visão que tinham era apenas nas dimensões de suas tribos. Entregavam os perdedores para serem escravizados por trocas de quinquilharias. O legado deixado por esse comportamento tribal foi o esvaziamento da africa e o transporte de força de trabalho a serviço da supremacia branca europeia. Deixando o continente africano em estado de pobreza até os dias atuais.

É preciso um estudo mais profundo a esse tema, que é sempre negado ao negro, o entendimento da origem do negro e o papel do negro na sociedade brasileira. Só conhecendo a origem é que é possível traçar os motivos de terminados comportamentos de uma sociedade.

Se eu perguntar a você, @wagnertamanaha, sua origem, de onde vieram os seus descendentes, certamente que você sabe dessa informação. E inclusive lhe perguntar sobre os costumes de seu lugar de origem, saberá me dizer. Se você for a alguma casa de italianos, espanhóis ou húngaros. Todos saberão falar sobre seus costumes, roupas, comidas que fazem, etc. Ou seja, conhecem a origem. E muitos sentem orgulho de fazer parte disso.

Veja que interessante, retomando o primeiro parenteses que coloquei acima, se você for a uma família de negros no Brasil não saberão te falar de que local da africa vieram seus descendentes. Meu caso inclusive. A todos os negros brasileiros e talvez em grande parte do mundo, o acesso a essa informação foi historicamente negado. E é um assunto "proibido" no Brasil falar sobre o negro e o racismos. Considero que buscar a origem é fonte de informação para se ter conhecimento sobre si mesmo.

Esse exemplo citado acima sobre escola de samba e soltar balão, certamente tem compasso nesse comportamento tribal, que certamente permeá nossa sociedade brasileira. O coletivismo restrito a um grupo, sem levar em consideração as consequências que isso trás a nossa sociedade brasileira e os danos que esse comportamento poderá causar no futuro, visto que a cada dia que passa, vemos esse comportamento cada vez mas reforçado.

Na verdade acho que muitos descendentes de imigrantes do Brasil não sabem sua origem ou acreditam em histórias inventadas ou um passado romanceado, de ficção. Alguns nem querem saber, conheci uma pessoa com sobrenome japonês que disse que era de um bisavô distante, não sabia nada dele e queria trocar o sobrenome no cartório porque era uma complicação, ninguém entendia de primeira e sempre tinha que soletrar :-) Outros só se interessam em resgatar a ascendência para conseguir cidadania européia ou visto de trabalho especial no Japão. Não acho ruim, melhor do que aceitar uma história fictícia (geralmente igual e que encaixa para todas as famílias) como verdade, apagar os imigrantes fugitivos da polícia, marcados de morte, famintos, anarquistas, aqueles que fizeram desfalques ou fugiram com a mulher do vizinho, etc. Pra piorar muitos vieram com a passagem paga pelos governos ou deram calote nas viagens financiadas.

Dizem que o apagamento da memória africana foi uma estratégia da Casa Grande para evitar a organização dos escravos (formavam grupos de trabalhos onde cada indivíduo era de uma nação e línguas diferentes, obrigando todos a se comunicarem em português) e futuras rebeliões, retaliações e indenizações. Mesmo assim muito da cultura e costumes dos povos escravizados e confiscados permaneceu. Dizem que nos EUA os escravocratas proibiram o batuque por saber que tinha caráter religioso, os tambores eram a voz e o coração dos deuses, mesmo assim os africanos transferiram essa voz para outros instrumentos como o piano e o banjo. Posso estar errado mas onde vc vê danos eu vejo evolução, Santos Dumond foi open source, liberou para todos os códigos de suas invenções e esse coletivismo tribal da escola de samba é o white paper da sociedade do século XXI, a mesma que vai ser obrigada a desligar o aquecimento global.

Valeu!

Adoro essa tema: diferenças culturais. Ainda não viajei para outros países (devor ir esse ano) mas sempre que possível estou lendo sobre isso na internet.
Além das diferenças com outras países, temos muitas diferenças culturais aqui dentro, por exemplo os estrangeiros tem a ideia geral de que o Brasil é uma país tropical e que aqui faz calor o ano todo em todo lugar, mas e quem mora no Sul? Faz muito frio no outono e inverno, ou seja, conhecer as diferenças já começa aqui dentro.

Sobre o senso de coletivismos concordo com você, principalmente em relação a parte política, porque pessoas de lados diferentes não se juntam ao invés de ficarem brigando? Afinal não queremos todos a mesma coisa, o melhor para o Brasil? Espero que isso mude com o tempo.

projeto #ptgram power | faça parte | grupo steemit brasil

O problema é que nós queremos... Eles não.
Não é consoante o desejado da população com o desejo dos políticos que estão atualmente no comando do pais. Quem sabe temos a oportunidade de tentar passar a limpo. Votemos consciente. Vejamos.
Agradecido pelo comentário.

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