Carnaval legal é carnaval sem assédio!

in #pt6 years ago
Nós brasileiros somos mundialmente conhecidos como um povo muito alegre, como o país do futebol e, claro, pela festa mais tradicional do país, o carnaval. Festa essa que deveria ser regada somente por coisas boas, alegria e purpurina, porém, não é exatamente isso que vemos por aí. Infelizmente as mulheres brasileiras vivem uma triste realidade quando o assunto é assédio. Somos vítimas de diferentes tipos de abusos, todos os dias, o tempo todo. Mas essa realidade, que é sentida na pele por milhões, acaba se intensificando no carnaval.

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Imagem: Raphael Braga

Sendo ou não frequentador de bloquinhos de rua, desfiles, festas e afins, com certeza você já presenciou ou ouviu falar de casos horríveis de assédio contra mulheres. Muitos homens sentem-se no direito de invadir nosso corpo e espaço, usando a famosa justificativa, machista e descabida, de que nossas roupas (ou a falta delas) e o consumo de bebidas alcoólicas são os fatores que causam o assédio. Impossível não se revoltar diante de tamanha ignorância e falta de respeito. Temos o direito de nos vestirmos como quisermos e devemos ser respeitadas, independente de nossas roupas. Temos o direito de bebermos o que quisermos e devemos ser respeitadas, independente da quantidade de álcool que for ingerida. Não nos respeitem somente porque somos mulheres, assim como suas mães, irmãs, sobrinhas... nos respeitem porque somos seres humanos e não merecemos ser tratadas como objetos. Ninguém merece.

Cansadas desse cenário, um grupo de 4 amigas resolveu criar, no carnaval de 2017 do Rio de Janeiro, uma campanha chamada “Não é não!”, que tinha como finalidade a distribuição de tatuagens temporárias com os dizeres da campanha. Unindo-se a outras 40 mulheres, elas conseguiram juntar a quantia de 3 mil reais para colocar a ideia em prática. Nesse ano, organizaram uma campanha online e conseguiram 20 mil reais para espalhar as tatuagens “Não é não!” nos corpos de mulheres do Rio de Janeiro e de outras 5 cidades: São Paulo, Belo Horizonte, Olinda, Salvador e Recife.

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Barbara, Aisha, Julia e Nandi - criadoras da campanha

Acho triste que, em pleno século XXI, campanhas como essas sejam necessárias para conscientização. Todavia, enxergo como uma tentativa válida de protesto e de chamar atenção para o fato de que o carnaval é uma festa de alegria e liberdade, mas isso não deve ser confundido com livre acesso ao corpo alheio. Forçar beijo, passar a mão no cabelo, agarrar pelo braço ou qualquer outra parte do corpo, encostar, enfim... Tudo aquilo que é feito sem a permissão da mulher É ASSÉDIO!

Por fim, peço a você homem que leu esse texto até aqui: conscientize-se! Conscientize seus amigos, irmãos, homens de seu convívio. Assédio e elogio são coisas totalmente distintas. O assédio, diferente do elogio, fere, incomoda, revolta, coibi, intimida e, principalmente, traumatiza. Curtam o carnaval e todos os outros dias do ano respeitando o próximo e respeitando os limites que são impostos pelo outro. Tenho certeza que isso faria do mundo um lugar um pouquinho menos violento e cruel.

Para aqueles que sabem curtir uma farra com amor e respeito, desejo que divirtam-se muito, previnam-se e aproveitem os próximos 4 dias de folia!

Obrigada por ler e até a próxima! :)

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