A ditadura democrática

in #pt6 years ago

Os dias em que vivemos atualmente no Brasil trazem a tona o tema da democracia devido não somente a estarmos em um período eleitoral, mas também ao fato de que uma candidatura se apresenta como a consolidação e continuidade do modelo democrático no país ao passo que esta mesma candidatura afirma que sua oposição no pleito, representa o retrocesso e o ataque a democracia.

Ditaduras, por definição necessitam criar ou manter sistemas políticos e econômicos centralizados em que os detentores do monopólio do poder oficial da força, via ação do Estado, conseguem impor suas ideias, ideologias ou planos de poder ao restante da população. Sejam estas ditaduras de viés militar, religioso ou mesmo de viés socialista. A lógica que sustenta uma ditadura não escolhe lados ou espectros políticos, ela é a mesma para todos, centralização de poder é um dogma sagrado aos ditadores.

Democracias, em tese deveriam representar o poder do povo, uma população a frente das decisões através de seus representantes no governo.

Mas e quando, na prática, se torna difícil distinguir o que é uma ou outra ?

Ou... quando um modelo com aparência e oficialmente democrático, cria através do próprio sistema uma ditadura de imposição ideológica que abrange desde o cenário intelectual e cultural, até o âmbito jurídico, político e econômico de uma nação ?

Ao elegermos democraticamente e com maioria de votos os representantes em nossos governos, esperamos que tais pessoas coloquem com prioridade os nossos anseios a frente dos anseios da minoria que não obteve o número de votos necessários.

É a vontade da maioria imposta sobre a minoria.

No entanto, as anomalias dos modelos de democracias podem ficar ainda mais complexas e ambíguas.
Podem ocorrer casos em que um plano de governo se apresenta para a população em busca de ser legitimado com a maioria dos votos, oferecendo por exemplo, um plano econômico que visa trazer mais igualdade entre os indivíduos, com redistribuição de renda e programas populares.

No fim de um período eleitoral, este modelo vence por maioria e tão logo assume o poder, implementa o que de fato havia prometido que vai de encontro a suas propostas, mas a campanha omitiu que o objetivo não era apenas a busca por igualdade econômica, na verdade, programas sociais e redistribuição de renda seriam apenas o meio para o propósito maior que seria a perpetuação do poder do partido ou causa que agora tem o poder e estrutura do Estado em suas mãos.

Em resumo, basta usar um tema X para conquistar a maioria e tão logo o voto da maioria entrega o poder ao partido/causa, o mesmo trata de colocar em prática seu próprio plano de poder.

Ser colocado "a prova" de quatro em quatro anos não significa muita coisa se tal instituição consegue nesse meio período aparelhar a máquina pública e fazer do Estado o monstro gigante com mil braços que servem a sua causa.

Um partido ou causa pode por exemplo, usar a mega estrutura de uma empresa estatal sustentada com os impostos da população para se eleger.
Escândalos de corrupção da proporção que presenciamos no Brasil na questão da Petrobrás, são antes de qualquer coisa, um plano de poder contínuo.

É certo que para concretização do plano, agentes intermediários precisam e desejam somente enriquecer e sair de cena, mas o contexto e objetivo final é evidente, usar o Estado e tudo que o mesmo proporciona para pagar pelo poder. Eleições diretas de 4 em 4 anos são um mero detalhe que nos dão a aparência de viver em um país democrático.

Se um partido ou corrente ideológica forma professores desde o ensino básico e médio até o universitário de acordo com sua ideologia e causa, gerando novos militantes a cada nova geração, se tal partido coloca nos mais altos cargos e órgãos regulamentadores do Estado as pessoas que direcionam as decisões do país a partir de suas ideologias, se a justiça do seu país é devidamente aparelhada para interpretar o mundo sob a ótica da ideologia de um partido, se tal instituição partidária aumenta gradativamente o tamanho do Estado para que o mesmo permaneça servindo aos seus propósitos, principalmente em períodos eleitorais...

Que diferença faz a opinião das pessoas ? Elas já estão de acordo e certamente vão votar na causa, estão pré-orientadas pra isso, ainda que não totalmente conscientes.

Não por acaso, um dos livros mais fascinantes, provocantes e esclarecedores sobre o tema, na minha opinião, é o livro "Democracia. O deus que falhou", de Hans-Hermann Hoppe.

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A democracia que tentaram nos vender nas últimas décadas, por mais paradoxal que possa parecer, não passou de uma ditadura democrática.

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muito bom o texto! O professor Hoppe é fera demais.


ptgram


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